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UE oferece dinheiro e controle de fronteiras para conter refugiados

Os conflitos que levam os refugiados a fugirem de seus países, em particular da Síria, "não acabarão rápido", disse o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk

Agência France-Presse
postado em 23/09/2015 17:09

Bruxelas, Bélgica - A União Europeia planeja aumentar o envio de dinheiro às agências da ONU para a gestão dos campos de refugiados nos países vizinhos da Síria e aumentar o controle das fronteiras, diante da "possível" chegada de "milhões" de refugiados que fogem da guerra.

As propostas que os chefes de Estado e de governo da UE, reunidos em cúpula em Bruxelas, têm sobre a mesa complementam o acordo alcançado na terça-feira, com dificuldade para distribuir entre os Estados membros 120 mil refugiados.

Os conflitos que levam os refugiados a fugirem de seus países, em particular da Síria, "não acabarão rápido", disse o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, ao chegar na reunião.

"Isto significa que estamos falando de milhões de refugiados possíveis, não de milhares", insistiu.

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"A pergunta que devemos nos fazer esta tarde é: como recuperar o controle de nossas fronteiras exteriores?", declarou, falando sobre os pontos que serão discutidos pelos governantes.

Dinheiro e controle de fronteiras


Segundo um rascunho de declaração final, ao qual a AFP teve acesso, os governantes decidiram aumentar o envio de dinheiro para a Agência da ONU para os Refugiados, o Programa Mundial de Alimentos e outras agências da ONU para a gestão dos campos de refugiados em Turquia, Jordânia e Líbano.

Desde que começou o conflito armado na Síria, quatro milhões de sírios fugiram do país e sete milhões se deslocaram internamente.

"Queremos decisões operacionais", disse o documento, entre elas uma "resposta à necessidade urgente dos refugiados na região" ajudando as agências da ONU "com ao menos 1 bilhão de euros adicionais".

Esta manhã, a Comissão anunciou a intenção de mobilizar 1,7 bilhão de euros até o final de 2016, dos quais 500 milhões para agências humanitárias.

"Temos de atacar a raiz do problema: combater a fome nos campos de refugiados", disse a chanceler alemã, Angela Merkel, ao chegar.

"As ajudas devem ser dirigidas a Turquia, Jordânia e Líbano" rapidamente "para que os refugiados não tentem vir à Europa colocando em risco sua vida", declarou o presidente francês, François Hollande.

Diante do desafio da maior crise migratória registrada em décadas, os governantes também deverão acordar medidas para a contenção dos fluxos migratórios perto de suas origens e o reforço das fronteiras.

A Comissão Europeia propôs nesta quarta-feira um roteiro detalhado para a criação nos próximos dias na Itália e na Grécia do que chama de "hot spots", que são centros para receber e registrar os demandantes de asilo.

Estes centros serão utilizados para receber os demandantes de asilo, registrar suas impressões digitais, fazer uma primeira análise sobre sua solicitação de asilo e realocá-los em alguns países da UE se tiverem possibilidade de obter a proteção internacional, ou mandá-los até seu país de origem.

Esta medida vai acompanhada com uma política de retorno melhorada. Para acelerar os procedimentos, a UE deve negociar acordos de readmissão com vários países africanos.

A Comissão recordou nesta quarta-feira seu projeto de criar "um corpo de guarda-costas e guardas fronteiriços europeus" para o final do ano destinados a ajudar os países na primeira linha diante do fluxo de refugiados.

Cento e vinte mil refugiados: ;insuficiente;

Ignorando estas negociações, dezenas de milhares de migrantes continuam chegando às fronteiras croata, húngara, grega e italiana.

Na terça-feira, somente na Croácia 9.000 migrantes, o número mais alto da última semana. Desde que a Hungria fechou sua fronteira com a Sérvia e os migrantes se deslocaram até a Croácia, há uma semana, chegaram a este país mais de 44 mil migrantes.

No entanto, a Hungria - por onde transitaram desde o início do ano 225 mil migrantes - surda às críticas de seus sócios da UE e das ONGs, continua a construção de uma cerca em sua fronteira com a Croácia, por onde entram há dias dezenas de milhares de migrantes.

Na terça-feira, também em Bruxelas, os ministros do Interior aprovaram o plano de distribuição de 120.000 refugiados sírios, iraquianos e eritreus chegados de Grécia e Itália, apesar de que a República Tcheca, Eslováquia, Romênia e Hungria tenham votado contra.

A decisão, obtida por voto de uma voto por maioria qualificada e não por consenso, aprofunda ainda mais a fratura entre os membros da UE. Esta se impõe aos quatro países que votaram contra.

O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, rejeitou o "imperialismo moral" que, segundo ele, a chanceler Angela Merkel tenta impor ao resto da Europa na crise dos refugiados, enquanto seu par eslovaco, Robert Fico, repetiu que seu país "não tem a intenção de respeitar as cotas".

Para a Acnur a distribuição de 120.000 refugiados não é suficiente. A Europa já recebeu quatro vezes mais migrantes desde janeiro. Segundo a OCDE, a UE registrará 1 milhão de pedidos de asilo em 2015.

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