Agência France-Presse
postado em 24/09/2015 10:04
Wellington, Nova Zelândia - A Nova Zelândia reenviou a Kiribati um habitante deste arquipélago do Pacífico ameaçado pelo aumento do nível do mar, que tentou durante quatro anos se converter no primeiro refugiado climático do planeta. Ioane Teitiota, de 39 anos, foi devolvido ao seu país depois de esgotar todos os recursos judiciais para continuar na Nova Zelândia, anunciou nesta quinta-feira (24/9) um de seus parentes.O homem reivindicava o status de refugiado, já que sua vida, a de sua mulher e as de seus três filhos nascidos na Nova Zelândia corriam risco em Kiribati. Zonas inteiras do arquipélago, 30 atóis de corais, são invadidas com frequência pelo oceano. "A mudança climática é uma forma de perseguição e tentamos salvar estas famílias pedindo asilo na Nova Zelândia", declarou na rádio New Zealand o reverendo Iosefa Suamalie, um dos muitos apoios da família. "Em Kiribati, não há vida, não há esperança. Enviamos as crianças a um lugar que não é seguro para elas", lamentou.
A Suprema Corte estimou em julho que Teitiota não respondia aos critérios para obter o status de refugiado que, segundo as Nações Unidas, é concedido a quem está ameaçado de perseguição em seu país natal. Embora o alto tribunal neozelandês tenha reconhecido que as ilhas Kiribati enfrentam "incontestavelmente desafios" climáticos, também estimou que "Teitiota não corria um grave risco" em seu país de origem.
Este homem, que chegou à Nova Zelândia em 2007, havia ultrapassado o período de seu visto quando em 2011 chamou a atenção da polícia por uma pequena infração. O primeiro-ministro neozelandês, o conservador John Key, rejeitou no início da semana um último apelo de Teitiota. "Não é um refugiado, é alguém que ultrapassou o período de permanência autorizado", indicou.
Kiribati é parte dos Estados insulares, junto a Maldivas, Tuvalu e Tokelau, cuja sobrevivência está ameaçada pelas mudanças climáticas, segundo as Nações Unidas.
Após uma alta média de 20 centímetros no século XX, os oceanos devem aumentar entre 26 e 86 centímetros antes de 2100 em relação à média 1986-2005, segundo o Grupo Intergovernamental de Especialistas sobre as Mudanças Climáticas (IPCC).