Agência France-Presse
postado em 25/09/2015 12:19
O papa Francisco pediu em seu discurso nesta sexta-feira (25/9) ante a Assembleia Geral das Nações Unidas uma reforma do sistema econômico global, que ele denunciou como opressivo, e expressou sua confiança em um acordo sobre o clima. "Os organismos financeiros internacionais devem velar pelo desenvolvimento sustentável dos países e não a submissão asfixiante destes por sistemas de crédito que, longe de promover o progresso, submetem as populações a mecanismos de maior pobreza, exclusão e dependência", afirmou o pontífice.
[SAIBAMAIS]Falando sobre a questão climática, Francisco manifestou estar convicto de que as difíceis negociações sobre o clima em Paris, em dezembro, resultarão em um esperado acordo. "Estou confiante de que a Conferência de Paris sobre a Mudança Climática vai garantir acordos fundamentais e efetivos".
Em relação à polêmica questão da homossexualidade, o papa pediu o reconhecimento de uma "lei moral inscrita na própria natureza humana, que compreende a distinção natural entre homem e mulher". Francisco, que sempre se mostrou menos hostil aos homossexuais, ao contrário de seus antecessores, evidenciou em seu discurso que não defende os direitos dos transgêneros. Em uma possível alusão ao casamento entre pessoas de mesmo sexo, alertou contra "a colonização ideológica através da imposição de modelos e estilos de vida que são estranhos à identidade das pessoas e, portanto, irresponsáveis".
Por outro lado, classificou o acordo selado entre o Irã e as grandes potências ocidentais sobre o programa nuclear de Teerã de "prova de boa vontade e de direito". "O recente acordo sobre a questão nuclear em uma região sensível da Ásia e do Oriente Médio é uma prova das possibilidades da boa vontade política e do direito, exercitados com sinceridade, paciência e constância", afirmou sem mencionar explicitamente o Irã.
Também denunciou o narcotráfico que "silenciosamente cobra a vida de milhões de pessoas" e criticou que não é suficientemente combatido. "Gostaria de fazer menção a outro tipo de conflito que nem sempre é tão explicitado, mas que silenciosamente vem cobrando a vida de milhões de pessoas. Outro tipo de guerra em que vivem muitas de nossas sociedades através do fenômeno do narcotráfico. Uma guerra ;assumida; e pobremente combatida", enfatizou, concluindo seu discurso com uma bênção e sendo muito aplaudido pelos dirigentes presentes.
O primeiro papa do continente americano discursou em espanhol e marcou sua posição ante da cúpula sobre o desenvolvimento que será inaugurada imediatamente depois, com seu apelo para que os dirigentes lutem contra a pobreza e a mudança climática e resolver os conflitos que obrigam a milhões de pessoas a fugir de seus lares no mundo.
O Sumo Pontífice argentino foi recebido pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, sua esposa e um grupo de crianças que entregaram flores ao santo padre. Esta é a quinta visita de um papa à sede das Nações Unidas, depois de Paulo VI em 1965, João Paulo II em 1979 e 1995 e Bento XVI em 2008.
Rosa branca
Após sua visita à sede da ONU, Francisco visitou o memorial às vítimas do 11 de setembro, em Nova York, onde orou junto a um dos espelhos de água que formam o monumento. Depois, ele depositou uma rosa branca junto ao espelho, enquanto a multidão quebrou o silêncio gritando seu nome.
O papa falou com um grupo de familiares das vítimas e seguiu para fazer uma oração com cerca de 700 representantes de várias religiões.
Ele ainda visitará uma escola católica no bairro do Harlem, liderará uma procissão no Central Park e encerrá sua passagem por Nova York com uma missa no Madison Square Garden. A visita de Francisco aos Estados Unidos concluirá no domingo, na Filadélfia.