Mundo

Após ser repreendida pela UE, Croácia abre sua fronteira com a Sérvia

Croácia concordou em fazer concessões a respeito do bloqueio, enquanto a Hungria anunciou a sua determinação de fechar as suas portas aos imigrantes vindos da Croácia

Agência France-Presse
postado em 25/09/2015 13:16
A Croácia voltou atrás nesta sexta-feira em relação ao fechamento de sua fronteira com a Sérvia para tentar deter a fluência de migrantes, depois das pressões feitas pela União Europeia, enquanto a Hungria anunciou a sua determinação de fechar as suas portas aos imigrantes vindos da Croácia. "A fronteira foi desbloqueada às 17h00 (12h00 de Brasília). Todos os veículos, independentemente de sua matrícula (...) podem entrar na Croácia", informou o ministro do Interior, Ranko Ostojic.

[SAIBAMAIS]Importante país de trânsito nos Balcãs desde o fechamento por Budapeste da fronteira sérvio-húngara, a Croácia fechou esta semana sua fronteira a veículos sérvios em protesto contra o fluxo de imigrantes vindos de Sérvia. Dada a dimensão da crise entre os dois países, a pior desde o conflito da década de 1990, Bruxelas cobrou de Zagreb "esclarecimentos urgentes".

O primeiro-ministro croata Zoran Milanovic havia anunciado no início do dia que levantaria "hoje ou amanhã" o bloqueio da fronteira, mas ressaltou que tal medida poderia ser restaurada "a qualquer momento".

Durante o dia, em Belgrado, o comissário para a Expansão da UE, Johannes Hahn, defendeu que a Europa precisava de "estabilidade" na região dos Balcãs para lidar com a crise migratória. "A única coisa que se pode fazer é levantar o bloqueio", disse ele depois de uma reunião com o primeiro-ministro sérvio, Aleksandar Vucic.

Dois dias após uma cúpula extraordinária da UE sobre a crise, o fluxo de refugiados que tentam chegar à Europa ocidental através dos Balcãs continua. Zagreb indicou nesta sexta-feira ter registrado 8.500 novas chegadas de migrantes na quinta-feira, elevando a 55.000 o número de pessoas que passaram pelo país desde o fechamento da fronteira servo-húngara em 15 de setembro. Quase todos os imigrantes que chegam na Croácia seguem para a Hungria, antes de chegar à fronteira austríaca e de lá, à Alemanha.

Bloqueios
Neste contexto, o primeiro-ministro populista húngaro, Viktor Orban, anunciou nesta sexta-feira sua intenção de fechar a fronteira entre a Hungria e a Croácia para os milhares de migrantes que atravessam a fronteira todos os dias em direção à Europa Ocidental. "O fluxo de migrantes não vai reduzir (...), queremos evitar que as pessoas passem", declarou em uma coletiva de imprensa em Viena, depois de se reunir com o chanceler austríaco, Werner Faymann.



A Hungria, que instalou uma cerca de arame farpado de 175 km ao longo da fronteira com a Sérvia para impedir a chegada de migrantes, começou a fechar os 41 km de sua fronteira verde que não é delimitada pelo rio Drava com a Croácia. "A instalação de uma proteção da fronteira com a Sérvia alcançou nossos objetivos. Temos de fazer o mesmo na fronteira com a Croácia", disse o primeiro-ministro húngaro.

No entanto, Orban indicou que tinha a intenção de buscar o apoio do maior número de parceiros internacionais antes de tomar tal medida. O primeiro-ministro explicou que quer se reunir com o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, na próxima semana em Nova York, e com líderes de "outros países".

O fechamento da fronteira com a Sérvia provocou fortes críticas de vários Estados, e as imagens de refugiados presos na cerca rodaram o mundo. Mas um número crescente de líderes acreditam hoje, mais ou menos abertamente, que a Hungria cumpre o seu papel ao defender a fronteira da zona Schengen frente as ambiguidades da UE e sua incapacidade de controlar os fluxos de imigrantes que chegam na Grécia pela Turquia.

Na quarta-feira o líder húngaro viajou à Baviera, no sul da Alemanha, onde ganhou o apoio de líderes da CSU, os aliados bávaros da chanceler alemã, Angela Merkel. "Viktor Orban não está tão errado quando diz que a UE deveria dizer o que ela realmente espera dele. Ele deve proteger a fronteira da UE? Ou os acordos de Dublin são obsoletos? Orban é o primeiro a expor esta questão", declarou o vice-chanceler austríaco Reinhold Mitterlehner.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação