Washington, Estados Unidos - Os presidentes de Estados Unidos e China, Barack Obama e Xi Jinping, chegaram a um acordo nesta sexta-feira para avançar em ações sobre a mudança climática - embora tenham mantido suas divergências, em especial no que se refere às questões territoriais chinesas.
Nesta primeira visita de um chefe de estado chinês à Casa Branca, a presidência tirou do programa a cerimônia de recepção e a coletiva de imprensa conjunta teve um clima tenso.
Obama, criticado pelo partido republicano por sua evidente prudência em relação a Pequim, não mediu palavras e denunciou em termos particularmente fortes as limitações das liberdades individuais na China.
"Manifestei de maneira clara nossa profunda convicção de que impedir jornalistas, advogados, entidades não-governamentais e a sociedade civil de trabalhar livremente (...) é problemático", disse Obama, que falou também sobre o Dalai Lama, líder espiritual exilado do Tibet e prêmio Nobel da Paz.
Nos últimos dias, a Casa Branca havia manifestado sua preocupação com um projeto de lei em preparação por Pequim que limitaria o campo de ação de organizações não-governamentais internacionais e "reduziria ainda mais o espaço da sociedade civil na China".
O mesmo tom dominou as menções à situação no mar da China Meridional, palco de tensões entre vizinhos asiáticos.
Obama manifestou sua preocupação pela operações de terraplanagem dos arrecifes e a "militarização de zonas em disputa que tornam mais difícil a solução pacífica" de desacordos entre países vizinhos.
Xi reafirmou o direito de Pequim de manter sua "soberania territorial" sobre ilhas que "são território chinês desde os tempos mais primórdios".
Mesmo assim, Obama e Xi mencionaram avanços em um acordo para que os governos se abstenham de sustentar "com conhecimento de causa" a pirataria cibernética e o roubo de propriedade intelectual, em especial segredos comerciais.
As consequências diretas deste acordo ainda não foram explicadas.
O panda Bei Bei
Ao mesmo tempo, os dois líderes anunciaram novos avanços de cooperação em ações contra o aquecimento global e a próxima Conferência do Clima de Paris, onde pretende-se alcançar um acordo mundial para frear o aumento da temperatura no planeta.
De acordo com uma declaração divulgada pela Casa Branca, a China se comprometeu a implementar em 2017 um mercado nacional de cotas de CO2 e com isso impulsionar a redução de emissões de gases de efeito estufa no setor industrial.
O presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim, aplaudiu os anúncios que enviarão uma "mensagem forte para o restante do mundo".
"A parceria entre China e Estados Unidos com relação ao clima (...) contribui para uma excelente dinâmica tendo em vista que nos aproximamos da reunião de Paris", avaliou Jennifer Morgan, do World Resources Institute.
Xi também mencionou a desaceleração econômica chinesa, e garantiu que a segunda maior economia do mundo não está em perigo.
"Tenho confiança no futuro. Com toda segurança a China trará um crescimento saudável que consolidará a confiança", expressou o líder chinês.
à margem das sessões de trabalho sobre pirataria cibernética ou a economia chinesa, Michelle Obama e a primeira-dama chinesa, Peng Liyuan, visitaram o zoológico de Washington, onde conjuntamente revelaram o nome do bebê panda nascido em agosto: Bei Bei.
As duas primeiras-damas participaram de um sorteio com alunos de escolas primárias, utilizando rolos de papel com ideogramas chineses e o alfabeto latino.