Agência France-Presse
postado em 26/09/2015 07:33
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não conseguiu chegar a tempo à sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, nesta terça-feira (25/9) para seu segundo discurso na Assembleia Geral. Com isso, o pronunciamento do presidente do Equador, Lenín Moreno, foi antecipado.
Como líder do país anfitrião da Assembleia Geral, Trump tinha o privilégio de ser o segundo a falar, logo depois do presidente do Brasil, Michel Temer, nação que sempre abre as sessões por razões históricas.
Mas o presidente norte-americano só deixou a Trump Tower, na 5; Avenida, às 10h08 (11h08 em Brasília), sete minutos antes da hora marcada para o início do seu discurso, conforme jornalistas que o acompanhavam.
Para não atrasar a sessão, e de acordo com o protocolo da ONU, Moreno, que falaria após Trump, fez o seu discurso depois que Temer terminou o dele.
Oriente Médio
Sobre os conflitos no Oriente Médio, Donald Trump pediu que a comunidade internacional "isole o regime do Irã" e prometeu que aplicará mais sanções ao país, além das que entrarão em vigor em novembro.
"Pedimos para que todos os países isolem o regime iraniano enquanto continuarem as agressões [por parte do Irã]", declarou Trump em seu discurso. Ele argumentou que a saída dos EUA do acordo nuclear firmado com o governo iraniano foi bem recebida no Oriente Médio.
Ele aproveito o discurso para reafirmar o compromisso dos EUA com um "futuro de paz e estabilidade" no Oriente Médio e considerou que sua decisão de reconhecer Jerusalém como capital de Israel não prejudica o processo de paz entre palestinos e israelenses.
"Neste ano demos um importante passo no Oriente Médio. Em reconhecimento ao princípio de que cada Estado soberano pode determinar sua capital, transferi a embaixada dos EUA de Israel para Jerusalém", lembrou o governante americano em discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas.
Nas últimas semanas, Trump ordenou o fechamento do escritório da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) em Washington e eliminou todos os recursos que os EUA concedem à Agência da ONU para os Refugiados Palestinos (UNRWA), o que impactará nos serviços fornecidos a milhões de pessoas.
Em resposta às declarações de Trump, o secretário-geral da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), Saeb Erekat, divulgou um comunicado no qual critica o presidente dos Estados Unidos pelo discurso proferido na ONU e considera que o governo americano "fechou as portas para a paz".
Na opinião de Erekat, Trump "não pode desempenhar um papel no estabelecimento da paz [entre palestinos e israelenses] após afirmar que sua decisão de transferir a embaixada americana de Israel para Jerusalém, em violação à Resolução 478 [do Conselho de Segurança da ONU], foi ;um reconhecimento da realidade;".
Segundo a OLP, os EUA "recompensam e incentivam as violações do direito internacional, a colonização, os crimes de guerra e o apartheid" de Israel.
China
Trump também aproveitou sua fala para exigir que os países façam mudanças urgentes no sistema de comércio global e defender a postura americana em relação à guerra comercial com China, por considerar que o déficit com o governo chinês "não é aceitável".
"No mês passado, anunciei um revolucionário acordo comercial entre Estados Unidos e México. Ontem, estive com o presidente (sul-coreano) Moon Jae-in para anunciar a assinatura bem-sucedida do novo acordo comercial EUA - Coreia do Sul", disse Trump ao comentar sobre a revisão do trato de 2012.
"E isso é só o início. Muitos países nesta sala concordarão que o sistema de comércio global necessita urgentemente uma mudança", acrescentou.
Trump avisou que não tolerará mais "os abusos" comerciais de outros países nem permitirá que "vitimizem" ou "enganem" os trabalhadores e empresas americanos.
"Os Estados Unidos acabam de anunciar tarifas para outros 200 bilhões de produtos chineses, totalizando US$ 250 bilhões. Tenho um grande respeito e afeto por meu amigo, o presidente [chinês] Xi Jinping. Mas deixei claro que nosso desequilíbrio comercial simplesmente não é aceitável", esclareceu.
Segundo o presidente americano, "as distorções do mercado da China e a forma como elas são enfrentadas não podem ser toleradas, e os EUA sempre atuarão em prol do interesse nacional".