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Talibãs se aproximam de cidade do norte afegão para assumir controle

Nesta segunda-feira, as tropas afegãs enfrentavam os rebeldes talibãs nos arredores de Kunduz

Agência France-Presse
postado em 28/09/2015 07:30
Konduz, Afeganistão - Os talibãs tentavam nesta segunda-feira (28/9) assumir o controle de Kunduz, uma cidade estratégica do norte do Afeganistão, ao mesmo tempo que o grupo Estado Islâmico (EI) ataca as forças governamentais em outros pontos do país. As duas ofensivas dos movimentos islamitas com objetivos distintos deixam em situação complicada o governo de união nacional do presidente Ashraf Ghani, que chegou ao poder há um ano.

[SAIBAMAIS]O exército afegão, sobrecarregado com as ofensivas, não conta mais com o apoio das tropas estrangeiras da Otan, que encerrou sua missão de combate em dezembro do ano passado. Atualmente, a Aliança Atlântica mantém apenas 13.000 soldados dedicados às tarefas de treinamento e assessoria.

Nesta segunda-feira, as tropas afegãs enfrentavam os rebeldes talibãs nos arredores de Kunduz. A cidade fica a menos de 100 km da fronteira com o Tadjiquistão e é a capital de uma província na qual a rebelião avançou nos últimos anos.

Zabihullah Mujahid, porta-voz dos talibãs, confirmou que o movimento tenta cercar a cidade de Kunduz. Segundo um colaborador da AFP na região, a cidade está vazia e os moradores trancados em suas casas.

"No momento, as forças de segurança conseguem evitar o avanço dos insurgentes, que perderam 20 homens", disse à AFP Sayed Sarwar Hussaini, porta-voz da polícia da província de Kunduz. "A situação é crítica", disse um funcionário de uma ONG ocidental em Kunduz, que pediu anonimato.

A eventual queda de Kunduz seria um grave revés para o presidente afegão Ashraf Ghani, que assumiu o poder em 2014 com a promessa de pacificar o país, em guerra civil permanente há 30 anos. Apesar do grave conflito interno provocado pela sucessão de seu líder, o mulá Omar, os talibãs mantêm a rotina de atentados, com ataques contra o exército e a polícia em boa parte do país.

As forças de segurança também precisam enfrentar a ameaça crescente da organização Estado Islâmico. No domingo, islamitas que afirmaram atuar em nome do EI iniciaram uma grande ofensiva contra a polícia na província de Nangarhar, perto da fronteira com o Paquistão, onde mataram pelo menos dois agentes.

Até o momento o EI havia se limitado a combater os talibãs. Mas esta nova ofensiva marca uma etapa adicional nos esforços dos insurgentes por estabelecer sua presença na "província de Khorasan", uma região que englobaria o Afeganistão e vários países limítrofes, dentro do "califado mundial" que O EI deseja criar.



"Nangarhar é uma província estratégica para o Afeganistão e o EI deseja controlar o tráfico de ópio que circula pela região", declarou à AFP Atiqullah Amarjail, um general da reserva.

Em muitos casos, os combatentes do EI são ex-talibãs decepcionados com o comando do grupo insurgente, sobretudo depois que a morte do mulá Omar foi ocultada por dois anos.

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