Agência France-Presse
postado em 29/09/2015 11:47
A Nova Zelândia anunciou nesta terça-feira (29/9) a criação, no sul do Pacífico, de um gigantesco santuário marinho, de mais de 620 mil quilômetros quadrados, onde estarão proibidas a pesca e a mineração.O santuário marinho das Kermadec compreenderá uma zona de superfície quase equivalente à França, situado em torno do arquipélago que leva o nome do navegante francês do século XVIII, cerca de mil quilômetros a nordeste da Nova Zelândia. "Esta é uma das regiões de maior diversidade do mundo no plano geográfico e geológico", declarou em um comunicado o primeiro-ministro neozelandês, John Key, atualmente nos Estados Unidos para a Assembleia Geral da ONU.
Key citou a presença na zona do arco vulcânico submarino mais longo do planeta e de uma das fossas oceânicas mais profundas. O novo santuário é um refúgio para milhares de espécies, incluindo baleias, golfinhos, tartarugas e aves marinhas. Com a criação deste santuário, estarão proibidas a pesca e a exploração mineradora na zona, onde os cientistas continuam descobrindo novas espécies.
A decisão foi saudada pelas associações de defesa do meio ambiente, que destacaram que os santuários marinhos do Pacífico representam agora mais de 3,5 milhões de quilômetros quadrados. "Felicitamos o governo por esta decisão determinante, destinada a proteger da pesca e da mineração uma área muito especial", disse o presidente-executivo do Fundo Mundial para a Natureza (World Wildlife Fund) na Nova Zelândia, Chris Howe. "Esta decisão coloca a Nova Zelândia na vanguarda mundial da proteção dos fundos marinhos", acrescentou.
Em setembro de 2014, os Estados Unidos multiplicaram por seis a área do parque "Pacific Remote Islands Marine National Monument", que com uma superfície de 1,2 milhão de quilômetros quadrados no Pacífico é o maior santuário marinho do planeta.
Importância mundial
Os cientistas aplaudiram a decisão de proibir qualquer forma de extração mineradora na zona, remota e até o momento não muito estudada. "No que diz respeito à conservação do fundo do mar, o santuário oceânico das Kermadec tem uma importância mundial", disse Jonathan Gardner, da faculdade de biologia da Universidade Victoria de Wellington.
A variedade climática da zona, que inclui áreas tropicais e subtropicais, propicia uma grande diversidade de habitats, com vulcões marinhos em atividade, sulcos e a fossa de Kermadec, observa Malcom Clark, do Instituto neozelandês de Investigação de Águas e Atmosfera. Alguns organismos só são encontrados nesta zona do mundo, pela qual também passam baleias em sua rota migratória, segundo Clark.
A riqueza marinha é tão grande que "estamos apenas começando a compreender a abundância" de organismos na zona, segundo Bronwen Golder, da organização ambiental Pew. "A criação deste santuário marinho protegerá habitats insólitos e espécies fundamentais para a saúde dos ecossistemas no Pacífico Sul", acrescentou Golder.
O ministro neozelandês de Meio Ambiente, Nick Smith, explicou que os oceanos são a nova fronteira na proteção do meio ambiente, já que representam 72% da superfície do planeta e a casa da metade das espécies do mundo. No entanto, destacou, apenas 2% dos oceanos estão protegidos.