Agência France-Presse
postado em 29/09/2015 12:50
O líder cubano pediu a seu colega americano que acelere o uso de suas prerrogativas para modificar o embargo a seu país e acabar com as sanções vigentes desde 1962. "O presidente cubano reiterou que, para que haja relações normais entre Cuba e Estados Unidos, deve ser levantado o bloqueio que causa danos e privações ao povo cubano", declarou o chanceler cubano Bruno Rodríguez em coletiva ao final do encontro.
"O ritmo do processo de normalização das relações bilaterais dependerá da suspensão do bloqueio, que a realidade do bloqueio seja modificada substancialmente mediante as amplas faculdades que o presidente dos Estados Unidos tem", acrescentou.
A reunião entre os dois líderes durou cerca de meia hora. Este foi o primeiro encontro bilateral oficial desde a abertura das embaixadas em julho passado após 50 anos de relações rompidas.
Mas a dupla já havia se cruzado em abril durante a Cúpula das Américas no Panamá, após o início da aproximação entre Washington e Havana. Enquanto Obama esboçava um grande sorriso, Castro apareceu mais sóbrio, diante dos olhares do secretário de Estado americano, John Kerry, e do chanceler Bruno Rodríguez.
Na segunda-feira, em seu discurso ante a Assembleia Geral da ONU, Obama pediu a suspensão do embargo de seu país contra Havana diante do olhar de Castro, presente pela primeira vez no grande encontro anual das Nações Unidas.
Ele também se mostrou confiante quanto a possibilidade do Congresso levantar tais restrições. Em seu discurso, mais tarde no mesmo dia, Castro destacou a aproximação entre Havana e Washington, mas advertiu que ainda há um longo processo em direção à normalização dos laços bilaterais que só será concluído com o fim do bloqueio.
Após a reabertura das embaixadas, os dois países iniciaram negociações sobre diversos assuntos que vão durar anos para ser resolvidos, como os milionários pedidos de indenizações.
Para dificultar a normalização das relações, existe no Congresso americano uma forte oposição do Partido Republicano, que controla as duas Câmaras, a uma aproximação de Cuba e se nega a levantar as sanções contra a ilha.
A paz debaixo do braço
Depois de uma sessão de abertura com um grande número de líderes latino-americanos no púlpito e o conflito na Síria no centro das discussões, nesta terça-feira será a vez dos líderes da Colômbia e da Venezuela, que acabam de superar um conflito fronteiriço e diplomático.
Na segunda-feira, os dois países concordaram com uma "normalização progressiva" da fronteira, depois de Caracas ordenar, em meados de agosto, o fechamento de vários pontos e deportar mais de mil colombianos. Milhares de outros retornaram para a Colômbia por medo de serem expulsos.
A Venezuela também mantém uma disputa com a vizinha Guiana pela região de Essequibo, embora no domingo as partes tenham concordado com o retorno de seus respectivos embaixadores.
Além disso, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, chega à ONU em meio a uma grave crise econômica em seu país, refletida em uma alta inflação e longas filas para a compra de alimentos.
Por sua vez, o líder colombiano, Juan Manuel Santos, chega com a paz debaixo do braço, após seu governo alcançar um pacto de justiça com a guerrilha das FARC e em vista da assinatura de um acordo definitivo nos próximos meses.
Também vai discursar na Assembleia Geral o uruguaio Tabaré Vázquez, em seu primeiro discurso na ONU após seu retorno ao poder em março, depois de presidir o país entre 2005 e 2010.
Divergências sobre a Síria
A Assembleia Geral também se focou no conflito na Síria, após a reunião de segunda-feira entre os presidentes dos Estados Unidos e da Rússia, Barack Obama e Vladimir Putin, que, talvez, culminou com um acordo: o compromisso de continuar a conversar.
Putin assegurou que o "trabalho comum" entre os dois países deve ser reforçado, enquanto os países ocidentais abriram a possibilidade de uma maior cooperação com a Rússia para alcançar saídas para uma guerra que já dura mais de quatro anos e que deixou mais de 240.000 mortos.
Mas as divergências permanecem, especialmente sobre o futuro do líder sírio Bashar al-Assad. Neste sentido, Barack Obama afirmou que a derrota do grupo Estado Islâmico na Síria só será possível se o presidente Bashar al-Assad deixar o poder. "Derrotar o Estado Islâmico na Síria querer um novo líder", afirmou Obama na cúpula antiterrorismo que reúne cerca de cem dirigentes e acontece em paralelo à Assembleia Geral da ONU.
A Rússia, por sua vez, criticou a organização pelos Estados Unidos dessa cúpula antiterrorismo e disse que não participaria. De acordo com o embaixador russo na ONU, Vitaly Churkin, citado pela agência de notícias Ria Novosti, a delegação russa vai se contentar em enviar um diplomata para "cobrir o evento", para o qual uma centena de países foram convidados.