Agência France-Presse
postado em 29/09/2015 13:20
A coalizão árabe negou nesta terça-feira (29/9) ser responsável pelo bombardeio contra um casamento que deixou 131 mortos na segunda-feira no sudoeste do Iêmen.O ataque, que ocorreu em Wahijah, perto da localidade de Mokha (sudoeste), controlada pelos rebeldes xiitas huthis, é o pior cometido contra civis desde o início da intervenção, em março, da coalizão árabe liderada pela Arábia Saudita no Iêmen.
A coalizão "não lançou bombardeios nesta região nos últimos três dias", declarou à AFP seu porta-voz, o general de brigada Ali Al-Asiri. As informações que a acusam deste ataque são "totalmente falsas", acrescentou.
Um responsável provincial de saúde disse nesta terça-feira à AFP que o ataque aéreo contra o salão onde era festejado o casamento deixou 131 mortos, revisando em alta o balanço anterior de 40 mortos.
Um médico, Mayaz al-Hammadi, do hospital Al-Riffi, para onde os corpos das vítimas foram transportados, confirmou este novo número de vítimas fatais. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, condenou na segunda-feira o ataque.
Após o ocorrido, a coalizão pediu uma investigação independente, afirmando que "podia demonstrar por satélite que não sobrevoou a zona", indicou uma fonte. Vários habitantes, no entanto, a acusaram de ser responsável pelo bombardeio.
Organizações de direitos humanos já criticaram de forma reiterada os bombardeios da coalizão no Iêmen por atingir zonas sem alvos militares.
"Totalmente falsas"
O porta-voz dos insurgentes, Mohamed Abdessalam, denunciou "um crime cometido pela aviação saudita" e acusou a ONU de encorajar com seu silêncio estas operações cometidas contra civis. Mas a coalizão árabe afirma que "não lançou bombardeios nesta região nos últimos três dias".
O general de brigada Ahmed Al-Assiri afirmou que a coalizão "admite sempre seus erros quando comete um". "É algo montado pelos huthis", disse à AFP uma fonte da coalizão, insinuando que o incidente foi provocado por um bombardeio rebelde.
Não é a primeira vez em que a coalizão árabe, que controla o espaço aéreo iemenita, é acusada de matar civis em seus bombardeios. Em agosto, 17 civis morreram em um ataque aéreo contra uma fábrica engarrafadora de água e 65 em um ataque que atingiu uma residência de funcionários de uma central elétrica em julho em Mokha.
A coalizão árabe dominada pelas monarquias sunitas do Golfo realiza bombardeios intensivos no Iêmen para frear o avanço dos huthis e impedir que eles tomem o controle do Iêmen, vizinho da Arábia Saudita.
Desde julho, dirige operações em terra contra os huthis e seus aliados, unidades do exército fiéis ao ex-presidente Ali Abdullah Saleh. Desde o início do conflito que também provocou uma grave crise humanitária, 5.000 pessoas morreram, quase a metade civis, segundo a ONU.