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França abre investigação penal contra regime sírio por 'crimes de guerra'

A investigação se baseia em particular no testemunho de César, um ex-fotógrafo da Polícia Militar síria, que fotografou 55 mil imagens chocantes de corpos torturados

Agência France-Presse
postado em 30/09/2015 09:55
Paris, França - Uma investigação penal por crimes de guerra foi aberta na França contra o regime sírio de Bashar al-Assad por fatos ocorridos entre 2011 e 2013 - informaram diferentes fontes à Agência France Presse (AFP) nessa terça-feira (29/9).

"Diante desses crimes que ferem a consciência humana, diante dessa burocracia do horror, diante dessa negação dos valores de humanidade, temos a responsabilidade de agir contra a impunidade desses assassinos", afirmou o ministro francês de Relações Exteriores, Laurent Fabius, em declaração à AFP.

[SAIBAMAIS]A Procuradoria de Paris abriu as diligências em 15 de setembro, a pedido do Ministério das Relações Exteriores, indicaram as fontes consultadas pela AFP.

A investigação se baseia em particular no testemunho de César, um ex-fotógrafo da Polícia Militar síria, que fugiu de seu país em julho de 2013 com 55.000 imagens chocantes de corpos torturados.

"O ;informe César; - milhares de fotos insuportáveis, autentificadas por vários especialistas, que mostram cadáveres torturados e mortos de fome nas prisões do regime ; atesta a crueldade sistemática do regime de Bashar al-Assad", declarou Fabius, que participa da Assembleia Geral das Nações Unidas.

O chanceler francês pediu à ONU e, sobretudo, à Comissão de Investigação Internacional sobre a Síria, "para seguir [suas investigações] adiante com determinação intensificada".

O Ministério francês das Relações Exteriores expôs os fatos para a Procuradoria de Paris, com base no artigo 40 do Código de Procedimento Penal francês. Essa legislação obriga qualquer autoridade pública a transmitir à Justiça quaisquer informações que tenha, se tiver conhecimento de algum crime, qualquer que seja - explicou a fonte.

Os investigadores do Escritório Central de Luta contra os Crimes contra a Humanidade, Genocídios e Crimes de Guerra (OCLCHGCG) estão encarregados de levar o caso adiante.



Os investigadores trabalharam, principalmente, com base nas milhares de fogos acumuladas durante dois anos pela testemunha chamada de "César". Trata-se de um fotógrafo do regime sírio, que disse ter trabalhado em uma unidade de documentação da Polícia Militar síria.

O anúncio dessa investigação acontece no momento em que a crise síria domina a pauta da Assembleia Geral da ONU, em Nova York.

Nesta terça-feira, o presidente americano, Barack Obama, insistiu na saída do presidente sírio, Bashar al-Assad, para derrotar os jihadistas do Estado Islâmico. Já a Rússia defende a manutenção de Al-Assad no poder.

Em pronunciamento na ONU, na segunda-feira, o presidente francês, François Hollande, foi enfático, ao justificar a exclusão de Assad em qualquer solução política para o conflito: "não se pode fazer as vítimas e o algoz trabalharem juntos".

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