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"Foods Trucks": proposta gourmet sobre rodas invadem a Cidade do México

Em geral, os donos de "food trucks" são empreendedores com idade entre 20 e 35 anos que investiram entre 24 mil e 120 mil dólares para lançarem seu negócio

Agência France-Presse
postado em 02/10/2015 14:20
México, México - Com sua cultura de comida de rua, a Cidade do México cheira a fritura, milho assado e coentro. Porém, um vazio jurídico limita os "food trucks", uma proposta gourmet sobre rodas que luta para dar certo após o êxito em metrópoles como Nova York, Rio e São Paulo.

O chiado de um bife na chapa quente ressoa em uma caminhonete pintada com flores multicoloridas. A palavra "Nanixche", que quer dizer "delicioso" em zapoteca (um povo indígena do sul do México), enquadra a grande vitrine que se abre ao lado do veículo.

Desde aí se observam todas as manobras do chefe, Luis Castillejos, que se esforça para preparar seus "tlayudsa", tiras de milho com carne assada, abacate, queijo e molho de pimenta.

O ex-contador alega que sua proposta está longe dos "típicos tacos e tortas" dos ambulante que, muitas vezes, apresentam condições insalubres e operam na via pública graças aos subornos que pagam às autoridades, como reconhecem os próprios donos.

O propósito dos "food truks", ou caminhões de comida, é "trabalhar de forma legal" para levar uma proposta "com um toque gourmet" a diferentes partes da capital, disse Castillejos enquanto modulava o fogo de sua cozinha profissional de aço inoxidável.

Porém, seu restaurante móvel não se move. Não está em nenhuma avenida nem tem um itinerário previsto.

Ante a falta de uma regulação que permita o funcionamento dos "food trucks" no México, "Nanixche" está estacionado, como a imensa maioria desses caminhões, em terrenos baldios privados ou feiras.

Publicidade em redes sociais

Centenas de amulantes se multiplicam pelas ruas da capital, mas quando um caminhão se instala na via, "chegam os [policiais] de trânsito ou autoridades das delegacias", se queixa Fernando Reyer, presidente da Foodtrucks DF, uma associação que agrupa centenas dos cerca de 300 "food trucks" do Distrito Federal.

Apesar de o movimento "food truck" já existir de Tijuana (extremo noroeste) até Cancún (sudeste), as caminhonetes não podem operar de maneira livre e legal, como acontece em metrópoles como Nova York ou Paris, lamentou.

Assim, as caminhonetes seguem agrupadas em um terreno privado que divulgam por meio de redes sociais, e vendem desde sushis a sofisticados pratinhos libaneses de carne de cordeiro.

"É algo original porque não há muitos lugares para comer algo diferente perto do escritório", elogia Miguel Mendoza, um contador de 39 anos apaixonado pelos ceviches.

Twitter, Facebook e Instagram são "o motor fundamental do negócio", reconhece Jorge Udelman, um chefe com 20 anos de experiência que agora instala sua caminhonete cinemas itinerantes *(autocinemas)*, shows ou festas particulares. "90% das pessoas que nos visitam o fazem porque viram nossas publicações", explica.

Este venezuelano que vende arepas em sua combi turquesa de estilo vintage duvida que o governo comece a outorgar licenças para as "food trucks", pois "está mais interessado em votos para continuar no poder do que em permitir propostas [gastronômicas] mais interessantes".

Em sua grande maioria, os donos de "food trucks" são empreendedores com idade entre 20 e 35 anos que investiram entre 24 mil e 120 mil dólares para lançarem seu negócio.

;Cotas; dos ambulantes

Na Assembleia Legislativa da capital ocorreram várias iniciativas de leis para outorgar licenças para os "food trucks" em troca de seus donos regularem o manejo de seus botijões de gás e água residual ante as autoridades de proteção Civil, assim como a qualidade dos alimentos em questão de salubridade.

Porém, nada saiu do papel devido à "cumplicidade" entre autoridades e líderes dos ambulantes, disse a ex-deputada Priscila Vera, do conservador Partido Ação Nacional, que apoia uma das iniciativas de lei.

Ao pagar "cotas" ilegais e participar de manifestações para apoiar o partido político vigente, os ambulantes conseguem que as autoridades "façam vista grossa", explica.

Muitas ruas da Cidade do México estão rodeadas de insalubres barracas de comida que não usam água corrente ou sistema de refrigeração e, muitas vezes, estão localizados próximos a esgotos.

Em vez disso, os "food trucks" buscam "trabalhar pagando impostos", e tem padrões como uma cozinha de aço inoxidável, água corrente, luz elétrica, refrigeração, usam máscaras e luvas e *(protocolos de cocción de los alimentos)*, alega o presidente do Foodtrucks DF, que luta para que os legisladores retomem a proposta de lei.

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