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Alemanha celebra 25 anos da reunificação em meio à crise de refugiados

Assim como a reunificação, há 25 anos, a chegada dos refugiados vai representar "uma reviravolta" para a sociedade alemã, disse Merkel

Agência France-Presse
postado em 02/10/2015 15:55
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Berlim, Alemanha
- A Alemanha celebra neste sábado (3/10) o 25; aniversário de sua reunificação em meio à chegada sem precedentes de refugiados a seu território e ao escândalo dos motores adulterados da Volkswagen.

Em 3 de outubro de 1990, as duas Alemanhas, separadas desde o final da Segunda Guerra Mundial, voltaram a ser apenas uma, menos de um ano depois da queda do muro que as dividia.

Essa mudança foi possível graças a uma demonstração de força política e a um compromisso da sociedade a qual a chanceler Angela Merkel só se referiu agora quando o país enfrenta uma situação excepcional.

É certo que a acolhida de centenas de refugiados esse ano não tem muita ligação com o desafio da absorção pela República Federal Alemã (RFA) da República Democrática Alemã (RDA), com sua estrutura social totalmente diferentes e economia em queda livre.


"Mas acredito que podemos lembrar perfeitamente esse sentimento geral -quando surge para nós uma grande tarefa, podemos conseguir", disse a chanceler, que cresceu na RDA comunista.

Assim como a reunificação, há 25 anos, a chegada dos refugiados vai representar "uma reviravolta" para a sociedade alemã, disse Merkel nessa semana.

A Alemanha prevê que entre 800.000 e um milhão de novos solicitantes de asilo chegarão ao país esse ano.

Nas últimas semanas, a chegada de imigrantes, em sua maioria sírios fugindo da guerra, provocou amostras comoventes de solidariedade entre a população e trouxe à tona cenas que lembravam o alvoroço popular que acompanhou a queda do Muro de Berlim, em novembro de 1989.

Normalidade

Desde então, a alegria do reencontro deu lugar à necessidade de proteger política, jurídica e administrativamente a reunificação, além de começar o longo percurso de duas sociedades e duas economias muito diferentes até uma identidade comum.

"Nos primeiros anos, a Alemanha se encontrou em uma situação de desequilíbrio profundo", lembra o historiador Paul Nolte, da Universidade Livre de Berlim. Mas em alguns anos, "a Alemanha reunificada se transformou em algo normal", diz.

Essa normalidade, em um país que se sente cômodo em seu papel de primeira potência econômica e política da Europa, é o que permite abordar com certa serenidade a tarefa de acolher e integrar centenas de milhares de novos cidadãos.

E não parece que essa situação vai mudar apesar do escândalo da montadora de automóveis alemã Volkswagen, que confessou ter instalado um sistema para falsificar resultados nos testes antipoluição em 11 milhões de veículos.


Grandes diferenças

Os ex-alemães do leste e do oeste se aproximaram pouco a pouco e chegaram a um ponto em que podem "enfrentar um novo desafio", explica Nolte. Por isso, a mensagem de Merkel, que assegura a seus cidadãos que o país conseguirá acolher os refugiados, toca muitos alemães.

Algumas diferenças persistem, apesar disso, entre as duas Alemanhas: uma taxa de desemprego mais alta no leste, que foi despovoado e não é sede de nenhuma das grandes empresas alemãs; e uma visão diferente da família, principalmente do lugar da mulher, com um modelo que continua bastante conservador no oeste.

Segundo uma pesquisa recente do YouGov, 71% dos alemães do oeste e 83% do leste consideram que há grandes diferenças entre as duas partes do país.

Esso não vai impedir que celebrem neste sábado o aniversário reunificação. As festividades nacionais acontecerão em Frankfurt, capital financeira do país. Merkel vai prestigiar o evento e outro alemão do leste, o presidente da República, Joachim Gauck, fará um discurso.

O lema da celebração, animada por shows e fogos de artifício, é "superar as fronteiras".

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