Agência France-Presse
postado em 02/10/2015 16:57
Bogotá, Colômbia - O presidente colombiano Juan Manuel Santos confirmou nesta sexta-feira (2/10) a morte de Víctor Navarro ("Megateo"), o chefão que controlava as rotas do tráfico de drogas na zona de Catatumbo, fronteira com a Venezuela.Os Estados Unidos ofereciam uma recompensa de cinco milhões de dólares por "Megateo".
"Informação recente da inteligência confirma: Megateo abatido. GRANDE GOLPE Felicitações! Criminosos ou são submetidos à justiça ou terminam debaixo da terra", escreveu Santos em seu Twitter.
"Megateo", de 39 anos, chefe de um grupo dissidente da guerrilha Exército Popular de Libertação (EPL), extinta desde 1991, foi abatido em operações militares na zona rural do município de Hacarí, no departamento de Norte de Santander, mais de 700 km ao norte de Bogotá.
"Fim do mito", tuitou o comandante do Exército, general Alberto Mejía, ao celebrar a morte de "Megateo", um dos principais alvos das forças armadas nos últimos tempos. Além disso, três integrantes de seu círculo de segurança "foram neutralizados na mesma operação", acrescentou Mejía.
O chefe narcotraficante da zona do Catatumbo era alvo de um pedido de extradição dos Estados Unidos, que ofereciam por ele uma recompensa de cinco milhões de dólares, e também tinha ordens de captura por crimes de sequestro e extorsão na Colômbia, que há anos anunciava até 700.000 dólares de retribuição por quem fornecesse dados para capturá-lo ou matá-lo.
Segundo a ficha de Navarro no Departamento de Estado americano, ele liderava uma organização de cultivo, produção e "envio de toneladas de cocaína a Estados Unidos, Canadá, República Dominicana e Europa".
"Sem dúvida alguma, tem peso a morte de ;Megateo;", explicou à AFP o historiador Álvaro Villarraga, autor de artigos sobre o EPL, um grupo rebelde que assinou a paz com o governo de Cesar Gaviria em 1991.
[SAIBAMAIS] Navarro, recrutado menor de idade por grupos dissidentes desta insurgência maoísta no Norte de Santander, era o líder da última estrutura ativa de redutos autodenominados EPL, que "longe de ser uma guerrilha" se tornou "um núcleo narcotraficante com muito poder econômico" com ligações inclusive com funcionários públicos, acrescentou o especialista.
No entanto, esclareceu que sua queda não necessariamente significa o fim destes grupos criminosos, que "tendem a se reproduzir porque contam com muito dinheiro e seguem manejando rotas".
O narcotraficante, que se escondeu durante anos nesta região florestal da Colômbia, comprava apoios em sua zona de influência, onde muitos o encaravam como um Robin Hood.
"Há camponeses que dizem que ;Megateo; os ajudava, dava dinheiro, fazia obras, à maneira de Pablo Escobar", disse Villarraga, em alusão às ações de caridade do falecido narcotraficante do cartel de Medellín.
A Colômbia, que vive um conflito armado de mais de meio século, permeado pelo narcotráfico e no qual não participaram guerrilhas, paramilitares e agentes do Estado, é o principal produtor mundial de coca, insumo chave para a elaboração de cocaína.
Segundo um relatório recente das Nações Unidas, o país produziu 442 toneladas desta droga em 2014, 52% mais que no ano anterior.