Agência France-Presse
postado em 04/10/2015 15:20
Seiscentos e trinta mil pessoas entraram ilegalmente na Europa no decorrer deste ano, informou Fabrice Leggeri, chefe da agência da União Europeia de Vigilância de Fronteiras, a Frontex, em entrevista ao grupo de imprensa francês Ebra.
"Registramos 630.000 cruzamentos ilegais de fronteira até o final de setembro", informou Leggeri, assinalando que a Frontex tem previsto enviar "60 aviões com migrantes ilegais de retorno" em 2015, em comparação com 39 no ano passado, nesta entrevista publicada em jornais regionais.
O chefe da Frontex destacou que "os Estados-membros devem compreender que, no lugar de mobilizar centenas de policiais em suas fronteiras nacionais, seria muito mais útil que os enviassem à fronteira exterior" da Europa.
"Se cada Estado encara a crise em sua região sem coordenação com seus vizinhos, os fluxos (de migrantes) continuarão passando de um país a outro, em detrimento de todos", advertiu.
Embora tenha expressado sua satisfação porque o número de oficiais na Grécia, atualmente de menos de uma centena, duplicará, sustentou que, "se tivéssemos 1.000 ou 2.000 guardas fronteiriços para ajudar as autoridades gregas, isso teria um efeito espetacular sobre a crise nesta fronteira".
Enquanto os europeus planejam instalar ;hotspots; na Grécia e na Itália para receber os migrantes e avaliar os pedidos de asilo, Leggeri recordou que apenas "uma média de 39%" das negações são executadas efetivamente, principalmente pela negativa dos países de origem de voltar a receber seus cidadãos.
"Sejamos realistas: se quisermos poder reenviar os migrantes irregulares a seus países de origem, são necessários lugares de retenção, em particular nos hotspots", afirmou.
Interrogado sobre a mobilização de um corpo europeu de guardas fronteiriços, Leggeri assegurou que isto "não é previsível a médio prazo, e o objetivo é ser eficaz rapidamente".
Destacou também a necessidade de "uma gestão mais integrada das fronteiras, de uma rede europeia de vigilância da qual a Frontex é a antecipação, e de se prever uma capacidade de missão autônoma em alguns casos: por exemplo, que a Frontex possa intervir em uma crise sem esperar que o Estado concernido faça o pedido".
Assegurou, por último, que "a pressão migratória é um desafio a longo prazo", dado que "não vejo uma solução a curto prazo na Síria e no Chifre da África, nem para a diferença de desenvolvimento entre a Europa e a África subsaariana.