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Suposto cérebro de caso de corrupção na Guatemala se entrega à justiça

Juan Carlos Monzón será processado pelos delitos de formação de quadrilha, casos especiais de fraude aduaneira e corrupção passiva

Agência France-Presse
postado em 05/10/2015 12:24
O guatemalteco Juan Carlos Monzón, suspeito de ser o cérebro de uma rede de corrupção que provocou a crise governamental no país, entregou-se nesta segunda-feira (5/10) à Justiça após quase seis meses de fuga - informou o Ministério Público. "Juan Carlos Monzón se apresentou na manhã desta segunda-feira" à Corte Suprema de Justiça, no centro da capital, disse a porta-voz da entidade judicial, Julia Barrera.

Ele era secretário particular da ex-vice-presidente Roxana Baldetti quando veio à tona, em 16 de abril, um escândalo sobre a cobrança de subornos para evitar impostos aduaneiros, após uma investigação do Ministério Público e da Comissão Internacional Contra a Impunidade na Guatemala (Cicig), uma entidade da ONU que colabora com o sistema judicial local.

Monzón desapareceu no mesmo dia em que o caso de corrupção foi revelado. O ex-presidente Otto Pérez renunciou ao mandato em 2 de setembro, após a denúncia de que liderava a rede de corrupção, conhecida como "A Linha", ao lado de Baldetti. A então vice deixou o governo pelo mesmo escândalo em maio.

Pérez e Baldetti se encontram em prisão preventiva sob investigação do Ministério Público. Por motivos de saúde, a ex-vice-presidente está internada desde 11 de setembro no hospital do Exército.

A rede de corrupção "era dirigida operacionalmente por você, Juan Carlos Monzón Rojas, e dirigida pelo senhor Otto Fernando Pérez Molina e pela senhora Ingrid Roxana Baldetti Elías", afirmou o procurador Antonio Morales, ao iniciar a acusação contra o ex-funcionário.



Morales conta com o suporte de grampos telefônicos para comprovar as operações ilícitas. "Monzón é a peça que faltava neste caso. A pressão da população deve continuar, agora que ele se entregou às autoridades, para garantir que nossas instituições funcionem de acordo com a lei", disse à AFP Gabriel Wer, membro do Justiça Já, um dos grupos que lideraram várias protestos contra a fraude.

Na audiência, ainda em curso, é grande a expectativa com o testemunho do suspeito. O advogado do réu, Francisco García Gudiel, já defendeu o ex-ditador Efraín Ríos Montt pelo delito de genocídio de indígenas durante a guerra civil (1960-1996). Monzón será processado pelos delitos de formação de quadrilha, casos especiais de fraude fiscal e corrupção passiva, completou Barrera.

Na semana passada, Salvador González, conhecido como "Eco", afirmou durante uma audiência judicial que Pérez e Baldetti recebiam 50% dos subornos arrecadados pela estrutura "La Linha".

"50% dos subornos eram para o número 1 e o número 2 (...). Fui eu quem identificou como 1 e 2 o presidente e a vice-presidente para o esquema de distribuição de dinheiro", revelou Gonzáles na etapa intermediária do caso a cargo do juíz Miguel Ángel Gálvez, chefe do tribunal de maior instância do país.

O analista político Luis Linares, da Associação de Pesquisa e Estudos Sociais (ASIES, em espanhol), disse à AFP que uma das possíveis causas da entrega de Monzón é que "o cerco estava se fechando ao seu redor para fugir da Justiça".

Segundo o especialista, é muito provável que, durante sua fuga, tenha permanecido no país, e não no exterior, como pensavam as autoridades.

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