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Hospital afegão foi bombardeado por erro, diz comandante dos EUA

O bombardeio aconteceu no último dia 3/10

Agência France-Presse
postado em 06/10/2015 12:14

O general americano que comanda a missão da Otan no Afeganistão reconheceu nesta terça-feira o bombardeio por engano do hospital da MSF em Kunduz e se declarou favorável a um reforço do dispositivo militar americano depois de 2016.

Ante uma comissão das Forças Armadas no Senado, o general John Campbell assumiu claramente a responsabilidade americana pelo bombardeio, que matou 22 pessoas no último final de semana e que foi qualificado de "crime de guerra" pela organização Médicos Sem Fronteiras (MSF).

[SAIBAMAIS]O hospital "foi atingido por engano" em um ataque americano "solicitado" pelos afegãos, mas decidido pela "rede de comando americana", declarou o general Campbell.

Na segunda-feira, o general Campbell havia dito que o ataque havia sido solicitado pelas autoridades afegãs, dando a impressão de que as autoridades americanas procuravam jogar a culpa no governo afegão.

"Para ser claro, a decisão de realizar um ataque aéreo era uma decisão americana, tomada pela rede de comando americana", admitiu o general nesta terça.



A ONG, que exige uma investigação independente, rejeitou a explicação de Washington e Mego Terzian, presidente da MSF França, disse acreditar que "lamentavelmente não foi um erro".

O secretário americano de Defesa, Ashton Carter, declarou nesta terça que o Pentágono "lamenta profundamente" as mortes registradas no ataque.

"A investigação sobre isto pôde ocorrer continua, e estamos apoiando por completo a OTAN e as investigações afegãs".

Três investigações- americana, afegã e da Otan - estão em curso para estabelecer as condições nas quais o bombardeio foi decidido e realizado, e o chefe militar prometeu "transparência" sobre os resultados.

O general americano se encontra em Kunduz para recolher testemunhos de militares e de funcionários da MSF.

A respeito das últimas declarações americanas, o presidente da MSF na França, Mego Terzian, declarou que não acredita "em um erro dos americanos. Estou convencido de que infelizmente não foi um erro".

"Foi um ato de enorme inconsequência criminosa", acusou o encarregado, durante uma audiência em Paris ante a comissão de Relações Exteriores da Assembleia Nacional francesa.

O hospital, único centro de traumatologia de toda a região, "está atualmente fechado, os funcionários foram embora, os pacientes foram evacuados para Cabul, ao Emergency hospital", detalhou.

Ao reconhecer a situação delicada que atravessa o Afeganistão, o general americano defendeu a necessidade de manter um contingente de tropas americanas maior do que o previsto para depois de 2016.

"Acredito que temos que fornecer (...) opções distintas ao plano atual com o qual estamos trabalhando", que prevê que as tropas deixem o país quase completamente no final de 2016, declarou o general John Campbell ante um comitê do Senado.

De acordo com os planos atuais, após 2016 "vamos ter capacidades muito limitadas" para a formação e apoio das tropas afegãs, disse ele.

Mas estas continuam a precisar do apoio em áreas cruciais como logística, inteligência e apoio aéreo, acrescentou Campbell, que se recusou a detalhar as opções apresentadas para a Casa Branca.

Várias ofensivas recentes dos talibãs, como em Kunduz (norte) na semana passada, mostraram que as forças afegãs são incapazes de manter suas posições, apesar dos 60 bilhões de dólares investidos por Washington por 14 anos.

Até agora, o governo do presidente Barack Obama planejava deixar no final de 2016, quando o atual mandato chega a seu final, uma força residual de apenas algumas centenas de soldados americanos na embaixada da capital afegã.

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