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Israel retoma demolições punitivas em meio à onda de violência

Agência France-Presse
postado em 06/10/2015 12:37
Israel destruiu nesta terça-feira (6/10) em Jerusalém Oriental as casas de dois palestinos autores de ataques, depois que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu prometeu reprimir a violência que prossegue em Jerusalém e na Cisjordânia ocupada.

O presidente palestino, Mahmud Abbas, afirmou que não deseja uma "escalada militar e de segurança" com Israel, enquanto o aumento da tensão faz temer um novo conflito.

"Não queremos uma escalada militar e de segurança com Israel. Afirmamos às nossas forças de segurança, aos nossos movimentos políticos, que não queremos uma escalada, mas desejamos nos proteger", disse Abbas em uma reunião da direção palestina, poucas horas após a destruição das duas casas palestinas.

Policiais, soldados e técnicos em demolições israelenses "chegaram por volta da meia-noite e evacuaram o local, antes de explodir a casa às 05H20", declarou à AFP Yasser Abou, um morador de Jerusalém Oriental, em frente ao apartamento destruído de Ghassan Abou Jamal.

Israel também destruiu a residência de Mohammed Jaabis, no mesmo bairro de Jabal Moukaber, em frente à Cidade Velha.

Os dois homens eram acusados de dois atentados distintos em 2014. Ghassan Abou Jamal e seu primo mataram quatro judeus e um policial em uma sinagoga de Jerusalém Ocidental em 18 de novembro. Hassan Abou Jamal, seu primo e Mohamed Jaabis foram mortos.

Suas casas foram destruídas algumas horas após o anúncio da aceleração das demolições punitivas por Netanyahu. O primeiro-ministro também deu carta branca à polícia e ao exército para agir nesta onda de violência que atravessa a Cisjordânia e Jerusalém Oriental.

Jerusalém Oriental, a parte palestina de Jerusalém anexada e ocupada por Israel, e a Cisjordânia vivem momentos de tensão com a proliferação de ataques e confrontos entre palestinos e as forças de segurança e colonos israelenses.

"Morte pela pátria"
Uma centena de jovens mascarados e usando o keffiyeh palestino, entre eles algumas meninas em uma multidão de várias centenas de jovens, atacaram os soldados israelenses com pedras em Belém, na Cisjordânia, após o funeral de um deles, Abdel Rahman Abdullah, de 13 anos, morto no dia anterior por tiros israelenses.

Os israelenses responderam com gás lacrimogêneo e balas borracha, constatou um jornalista da AFP. Confrontos também ocorreram em Qalandia e perto de Hebron, na Cisjordânia, e no distrito de Chuafat, em Jerusalém Oriental. Cinquenta e quatro palestinos foram hospitalizados nesta terça-feira, segundo o ministério de Saúde da Palestina.



Desde quinta-feira, quatro israelenses foram mortos em ataques na Cisjordânia e na Cidade Velha de Jerusalém. Do lado palestino, dois jovens acusados %u200B%u200Bde ataques a faca em Jerusalém foram mortos e outros dois durante confrontos na Cisjordânia, durante os quais soldados israelenses atiraram com munição real.

"Meu filho foi para a escola, ele pegou sua mochila e nunca mais voltou para sua mãe", disse Dalal, mãe de Abdel Rahman Abdallah, pouco antes do funeral na presença de mais de mil pessoas. Para ela, o filho "morreu pela pátria".

Muitos adolescentes e crianças participam nos confrontos. Mas o sentimento de frustração e desespero é compartilhado por todos palestinos que esperam pela criação de seu Estado há quase 70 anos.

Câmeras na Cisjordânia
Enquanto as tensões aumentam, Netanyahu anunciou uma série de medidas, incluindo a implantação de centenas de tropas adicionais na Cisjordânia e milhares de policiais em Jerusalém.

Israel também adotou a disposição excepcional de fechar a Cidade Velha de Jerusalém aos palestinos durante dois dias, domingo e segunda-feira.

Netanyahu anunciou nesta terça-feira a introdução de câmeras de segurança nas estradas da Cisjordânia para proteger os colonos, depois de visitar o local do ataque a um casal de colonos israelenses que morreu na quinta-feira em um ataque atribuído por Israel ao movimento islâmico Hamas.

O primeiro-ministro enfrenta a ira dos colonos e as pressões de seu governo para reprimir duramente a violência, mas também para anunciar novas colônias.

Ele navega com margem estreita de manobra entre a necessidade de preservar uma maioria precária no governo e a necessidade de não fazer nada que agrave ainda mais a situação.

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