Jornal Correio Braziliense

Mundo

Merkel e Hollande pedem maior unidade à UE ante crise de migrantes

Este foi o primeiro discurso ante os deputados europeus de dois presidentes da França e da Alemanha desde o pronunciado em 1989 por François Mitterrand e Helmut Kohl



Para Merkel estas regras são obsoletas. "Sejamos francos, o processo de Dublin (como estas regras são conhecidas) em sua forma atual é obsoleto", disse Merkel declarando-se a favor de um "novo procedimento" para dividir igualmente os solicitantes de asilo entre países europeus.

Muitos países se protegeram com estas regras para rejeitar em um primeiro momento a divisão de solicitantes de asilo que era pedida pela Comissão, e apenas recentemente a aceitaram, quando o caráter excepcional da medida ficou registrado nas atas.

Sofrimento
Antes que Hollande e Merkel pronunciassem seus discursos, o rei Felipe VI da Espanha, que também havia sido convidado a discursar ante o plenário, fez um pedido de solidariedade para os refugiados. "Estamos assustados com o sofrimento daqueles que vêm à Europa fugindo da violência e do fanatismo", disse.

"São centenas de milhares os refugiados que perseguem um projeto de esperança, que veem na União um território de paz, prosperidade e justiça", insistiu. "Não podemos decepcioná-los", disse o rei ao fim de seu discurso, destacando que não podia "deixar de me referir explicitamente ao drama que está ocorrendo atualmente em nossas fronteiras".

A UE deve "responder com generosidade, solidariedade e responsabilidade". Deve tratar "as causas do êxodo destas pessoas forçadas" a deixar seus países, acrescentou.

Operação marítima
As intervenções ante a Eurocâmara coincidem com o lançamento da fase mais ofensiva da UE contra os traficantes de seres humanos na costa da Líbia. São seis navios de guerra europeus - italiano, francês, alemão, britânico e espanhol - com 1.300 marinheiros podem abordar à força, inspecionar, confiscar e destruir em águas internacionais os navios utilizados pelos traficantes.

A operação impõe, assim, um bloqueio em toda a costa noroeste da Líbia, da fronteira com a Tunísia até a Sirte, com exceção da zona diante de Trípoli que ficará aberta para evitar exercer de fato um bloqueio marítimo. Esta porta é o principal ponto de partida de milhares de refugiados, mas também de cidadãos de diferentes países africanos que buscam uma vida melhor embarcando toda semana em embarcações precárias com destino à Europa.

Até agora, as operações europeias se limitavam à vigilância à distância das redes de traficantes. Pela outra rota utilizada pelos refugiados sírios e iraquianos o fluxo não para. Ela começa na costa turca com um cruzamento através do Egeu até a Grécia e depois continua por terra até o norte através dos Bálcãs para entrar na UE pela Hungria e pela Croácia.

Entre terça e esta quarta-feira três trens partiram da fronteira sérvia até a Hungria em um trajeto no qual atravessa a Croácia. As autoridades privilegiam este meio de transporte para ser mais eficaz: um trem pode transportar até mil pessoas.