Os bielorrussos começaram a votar neste domingo (11/10) em eleições presidenciais boicotadas pela oposição democrática e nas quais o presidente em fim de mandato Alexander Lukashenko deseja conseguir um quinto mandato consecutivo.
Os centros eleitorais serão fechados às 17h00 GMT (14h00 de Brasília) e as primeira estimativas serão divulgadas durante a noite.
A campanha eleitoral se desenvolveu em meio a uma crise econômica nesta ex-república soviética de 9,5 milhões de habitantes.
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No poder há 21 anos, classificado de último ditador da Europa pelos Estados Unidos, Lukashenko, de 61 anos, enfrenta três candidatos praticamente desconhecidos.
Tatiana Korokevich, de 38 anos, foi a única candidata que esboçou uma campanha eleitoral, reunindo-se com eleitores e concedendo entrevistas.
Segundo a última pesquisa do Instituto de Estudos Políticos, 47,5% dos bielorrussos apoiam a candidatura de Lukashenko, contra 7,2% para Korokevich.
Os outros dois candidatos, Serguei Gaidukevich e Nikolai Ulajovich, obteriam um apoio de quase zero.
Lukashenko deseja obter uma taxa de participação convincente para que as eleições sejam apoiadas pelos ocidentais.
Observadores internacionais da Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE) supervisionam as eleições, que a oposição considera uma farsa pela ausência de seus líderes, que foram impedidos de se apresentar.
Estas eleições serão cruciais para que a União Europeia se decida sobre as sanções impostas em 2011 a Minsk, após a violenta repressão que se seguiu à polêmica reeleição de Lukashenko em 2010.
"Os ocidentais querem sobretudo garantir que não há novas prisões de opositores, violência nem perseguição da imprensa", explicou um diplomata à AFP.
"Se tudo transcorrer com calma, as sanções europeias serão levantadas", estima Pavel Usov, do centro de análises político em Varsóvia.
O governo multiplicou nos últimos meses os gestos de boa vontade, principalmente liberando seis opositores detidos, incluindo um de seus antigos rivais das presidenciais.
Nenhum deles foi autorizado a participar das eleições deste domingo. A oposição pediu seu boicote e apelou para que a UE não levante as sanções.
A libertação foi apreciada por Bruxelas, que no fim do mês tomará uma decisão sobre as sanções.
A vencedora do Nobel de Literatura deste ano, a bielorrussa Svetlana Alexievich, disse no sábado em Berlim que qualquer aproximação com o governo de Lukashenko seria um erro.
Lukashenko "não é um homem digno de confiança", é "um ;homem soviético;, e não vai mudar jamais", disse Alexievich, que denunciou que as eleições estavam manipuladas.
Por sua vez, a Rússia, que ajuda financeiramente seu vizinho, desconfia das tentativas de aproximação de Lukashenko com os países ocidentais.
Pouco depois do lançamento da intervenção russa na Síria, no fim de setembro, o presidente Vladimir Putin reiterou sua vontade de estender a presença militar russa em Belarus, com uma base aérea.
Lukashenko se opõe, mas pede armas a Moscou para, segundo ele, poder defender seu território diante das forças da Aliança Atlântica.
[SAIBAMAIS]