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Jovem paquistanesa se mata após acusar policiais de estupro

Sonia Bibi ateou fogo ao próprio corpo após a polícia não registrar a denúncia

Agência France-Presse
postado em 14/10/2015 11:29
Multan, Paquistão - Dois policiais foram detidos nesta quarta-feira (14/10) após o suicídio de uma jovem paquistanesa que os havia acusado de estupro, anunciou a polícia de Muzaffargarh, na província de Punjab.

[SAIBAMAIS]A jovem Sonia Bibi, de 19 anos, se suicidou ateando fogo ao próprio corpo na terça-feiram (13/10) na frente de uma delegacia após denunciar a agressão sexual e a polícia se negar em registrar a denúncia, informaram ativistas. Sonia Bibi não resistiu aos ferimentos e faleceu após chegar ao hospital onde tinha sido internada.

"A jovem havia acusado vários policiais de tê-la estuprado e afirmou que ninguém recebeu sua denúncia", reportou à Agência France Presse (AFP) a porta-voz da polícia Nabila Ghazanfar, afirmando ainda que foi iniciada uma investigação sobre o caso.

Dois policiais foram detidos e o delegado de Muzaffargarh foi suspenso, indicou a autoridade policial Awais Malik. "Sonia afirmou que tinha sido sequestrada e estuprada por dois policiais mas ninguém registrou sua denúncia. Detivemos os supostos agressores", disse Malik.

O distrito de Muzaffargarh foi cenário em 2012 de um terrível caso de estupro coletivo, o de Mukhtaran Mai, que escandalizou o país. "A Sonia foi negada a justiça", declarou Mukhtaran Mai, que se tornou uma militante pelos direitos das mulheres na região.

Em 2014 ocorreu outro caso similar na mesma região. Amina Bibi, de 18 anos, pôs fogo no próprio corpo em frente a uma delegacia em Beet Meer Hazar, no distrito de Muzaffargarh.



A jovem chegou a este ponto extremos após um tribunal arquivar o caso da denúncia de estupro tomando por base um informe policial que negava o acontecido. O estupro físico e sexual contra mulheres é moeda corrente no Paquistão, um país muçulmano e patriarcal.

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