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Juristas e religiosos iranianos dão sinal verde para acordo nuclear

A votação do Parlamento iraniano aconteceu após o fracasso nos Estados Unidos das tentativas dos republicanos de bloquear o acordo no Congresso

Agência France-Presse
postado em 14/10/2015 16:35

Teerã, Irã - Um conselho integrado por juristas e religiosos deu nesta quarta-feira em Teerã sua aprovação para a aplicação do acordo nuclear entre o Irã e as grandes potências, última etapa depois de receber o sinal verde dos deputados do Parlamento, anunciou a agência oficial Irna.

O Conselho da Guarda Revolucionária da Constituição que aprovou o acordo é composto em partes iguais por juristas e religiosos, e seu papel principal é avaliar a compatibilidade das leis votadas com a Carta Magna do país e a a lei islâmica.

Esse sinal verde foi dado um dia depois de o acordo ter sido votado e aprovado por uma ampla maioria de deputados iranianos.

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A votação do Parlamento iraniano aconteceu após o fracasso nos Estados Unidos das tentativas dos republicanos de bloquear o acordo no Congresso.

Concluído em Viena em 14 de julho, após dois anos de difíceis negociações, este acordo histórico abre o caminho para a retirada das sanções econômicas internacionais impostas ao Irã, em troca de seu compromisso de abandonar qualquer projeto de armas nucleares e limitar o programa nuclear civil.

Durante uma sessão tempestuosa que evidenciou as divisões entre partidários e opositores conservadores do acordo, os deputados iranianos aprovaram, por 161 votos a favor, 59 contra e 13 abstenções, uma lei de nove artigos que autoriza a sua aplicação.

O texto afirma que "com base em um decreto" do líder supremo iraniano, o aiatolá Ali Khamenei, "nenhum governo do Irã tem o direito de produzir e usar armas de destruição em massa".

Também salienta que o acordo com as grandes potências, especialmente os Estados Unidos, não deve servir de pretexto "para a intrusão de arrogância" no Irã, seja política, econômica, cultural ou de segura.

O aiatolá Khamenei adverte regularmente contra a "arrogância" e os riscos de "infiltração" pelos Estados Unidos, descrito como o "Grande Satã" desde o rompimento das relações diplomáticas entre os dois países após a revolução islâmica em 1979.

Recentemente, ele proibiu qualquer negociação com os americanos sobre qualquer assunto que seja.

A votação do Parlamento terminou com um debate feroz entre partidários e adversários ultraconservadores do acordo, que até o último momento expressaram sua raiva, considerando que o texto não serve aos interesses do Irã.

Exceto em caso de violação por uma das partes signatárias - Irã, Estados Unidos, China, Rússia, Grã-Bretanha, França e Alemanha - o acordo deve ter condições de entrar rapidamente em vigor.

A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), encarregada de investigar o programa nuclear do Irã, deve publicar em 15 de dezembro um relatório destinado a remover todas as áreas cinzentas que ainda pairam sobre a questão.

Por outro lado, a televisão pública iraniana mostrou nesta quarta, pela primeira vez, imagens de uma base militar subterrânea cheia de mísseis de diferentes tipos, situada em um lugar não identificado.

A divulgação dessas imagens ocorreu três dias após o Irã anunciar que testou com êxito um novo míssil de longo alcance e com capacidade de ser controlado até o momento do impacto.

"A base está situada 500 metros embaixo da terra para permanecer a salvo de um eventual ataque inimigo", explicou o general Amir Ali Hajizedeh, atuante na unidade de elite Guarda Revolucionária.

Segundo o militar, esta não é a única base desse tipo no Irã, e há uma "em cada província e cada cidade do país".

"O Irã não quer provocar nenhuma guerra, mas se seus inimigos cometem um erro, as bases de mísseis vão entrar em erupção como um vulcão desde as profundezas da terra", afirmou Hajizadeh.

Na terça-feira, o porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, disse que o lançamento do míssil provavelmente violou as resoluções do Conselho de Segurança da ONU, mas esclareceu que este teste se trata de um tema separado do acordo nuclear entre o Irã e as grandes potências.

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