Agência France-Presse
postado em 16/10/2015 07:07
Caracas, Venezuela - O ex-candidato à presidência venezuelana Manuel Rosales foi detido nessa quinta-feira (15/10) no aeroporto de Maracaibo (oeste), ao voltar para a Venezuela após seis anos no exílio, informou a justiça. Rosales "foi detido por funcionários do Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional (Sebin) nesta quinta-feira, 15 de outubro, no aeroporto internacional La Chinita, quando chegou em um voo procedente de Aruba", informou a justiça em um comunicado.
Durante a noite, Rosales foi levado de avião para o aeroporto militar de La Carlota, no leste de Caracas, e de lá para a sede "El Helicoide" do Sebin, informou a advogada do político, Magaly Vazquez. Segundo ele, "nem a esposa de Rosales - a prefeita de Maracaibo, Eveling Trejo - nem sua defesa" puderam ter acesso ao político.
[SAIBAMAIS]A promotoria informou na noite dessa quinta-feira que está "coordenando uma avaliação médica" de Rosales, antes de sua apresentação a um tribunal, para "garantir o respeito a seus direitos humanos". De acordo com as leis venezuelanas, o ministério público tem o prazo de 48 horas após a prisão para apresentar o detento à Justiça. Rosales tinha uma ordem de prisão por enriquecimento ilícito quando era governador de Zulia, entre 2000 e 2008.
Com 62 anos e um dos adversários mais fortes do falecido presidente venezuelano Hugo Chávez (1999-2013), Rosales chegou por volta das 16H30 locais (18H00 de Brasília) ao aeroporto da cidade de Maracaibo, capital de seu estado natal, Zulia. Não há imagens do momento da detenção porque, segundo jornalistas no local, as autoridades impediram sua entrada na pista de pouso.
Momentos após o pouso, o dirigente divulgou um vídeo em seu perfil no aplicativo Periscope no qual questionou a operação policial e militar, disposta no terminal. "Esta mobilização na minha chegada deveriam fazer para combater a delinquência, a insegurança. Faremos isto em paz, vamos cobrar em 6 de dezembro", escreveu, em alusão à data das próximas eleições legislativas.
Fundador do partido de centro-direita Um Novo Tempo, ele chegou em um voo comercial procedente da ilha de Aruba, no Caribe, segundo um curto vídeo difundido por ele mesmo no momento em que a aeromoça anunciou a chegada a Maracaibo. Eveling Trejo, os dez filhos do casal, irmãos e grupos de simpatizantes de seu partido aguardavam Rosales no aeroporto.
Rosales anunciou seu retorno na sexta-feira (9/10) passada. Na ocasião, a procuradoria-geral advertiu que seria detido para responder a um processo por enriquecimento ilícito durante o tempo em que ocupou o cargo de governador de Zulia, entre 2000 e 2008.
Em meados deste ano, Rosales foi inabilitado para ocupar cargos públicos por 7 anos e 6 meses, em um movimento do governo de Nicolás Maduro que também impediu outros líderes opositores, como a ex-deputada María Corina Machado, Leopoldo López e o prefeito de Caracas, Antonio Ledezma, de disputar as eleições legislativas de dezembro.
López, 44 anos, foi condenado a 13 anos e nove meses de prisão em 10 de setembro passado, sob a acusação de incitar à violência durante os protestos contra o governo que deixaram 43 mortos entre fevereiro e maio de 2014. Ledezma foi preso em fevereiro passado.
Maduro considera que as eleições de 6 de dezembro serão as mais complexas em 16 anos de governo "chavista", que já venceu l8 votações ao longo destes anos. Os institutos de pesquisas, como o Datanálisis e o Datincorp, apontam uma queda progressiva da popularidade de Maduro, cuja aprovação é pouco superior a 20%.
Segundo o Datánalisis, a oposição - reunida na Mesa da Unidade Democrática (MUD) - tem 20 pontos de vantagem sobre o "chavismo", o que coloca em risco o controle da Assembleia por parte do governo.