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Cabul elogia decisão americana de prolongar presença militar no Afeganistão

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama que ao menos 5.500 soldados americanos permanecerão no Afeganistão em 2017

Agência France-Presse
postado em 16/10/2015 10:37
Cabul, Afeganistão - O governo afegão aplaudiu a decisão de Washington de adiar a retirada do país para apoiar sua luta contra os talibãs, que prometem aos americanos uma guerra de desgaste impiedosa, cara e sem saída.

[SAIBAMAIS]O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, anunciou na quinta-feira (15/10) que ao menos 5.500 soldados americanos permanecerão no Afeganistão em 2017, uma mostra da incapacidade das forças de segurança de defender sozinhas seu país, apesar de mais de uma década de apoio militar e financeiro maciço de seus sócios ocidentais.

"Não permitirei que o Afeganistão seja usado como refúgio de terroristas para que ataquem novamente nosso país", declarou Obama, que foi eleito em 2008 sob a promessa de terminar com as guerras no Afeganistão e Iraque.

Satisfeito com o anúncio americano, o governo afegão anunciou em um comunicado que "responderá com todas as suas forças ao medo e ao terror", mas que deixará "entreaberta a porta da paz" aos inimigos dispostos a entregar as armas.

O presidente afegão, Ashraf Ghani, considerado próximo aos ocidentais, também elogiou a decisão dos Estados Unidos. O Afeganistão "segue, hoje mais do que nunca", determinado a trabalhar por sua estabilidade e desenvolvimento, e a "reforçar suas relações em termos de luta antiterrorista", escreveu Ghani no Twitter.

Antes do anúncio de Obama, um porta-voz dos talibãs, Zabiullah Mujahid, disse em declarações à AFP que a rebelião seguirá com seus ataques "até que o último invasor (soldado estrangeiro) seja expulso".

Várias ofensivas recentes dos talibãs, começando com a tomada durante alguns dias da cidade de Kunduz (norte), sua vitória militar mais importante desde 2001, mostraram que as forças afegãs ainda não são capazes de proteger sozinhas seu território, apesar dos 60 bilhões de dólares que Washington gastou nos últimos 14 anos para equipar e treinar as tropas do país.

Talibãs apostam no desgaste

Com o apoio das tropas americanas e da Otan, as forças afegãs conseguiram recuperar a cidade Kunduz.

Na terça-feira (13/10), duas semanas após a conquista desta cidade, os talibãs anunciaram ter dado instruções aos seus combatentes de se retirarem e se reunirem nas zonas próximas para "reforçar sua linha defensiva e preservar sua força para operações futuras", o que sugere novas ofensivas em um futuro próximo.



Além de Kunduz, os talibãs realizaram nas últimas semanas vários ataques contra as forças afegãs em várias províncias vizinhas, aumentando os temores pela instabilidade de todo o norte, que inicialmente não era um de seus redutos principais.

Ao mesmo tempo, os talibãs e seus aliados estão ameaçando o sul do país, em particular os arredores de Kandahar, o local de nascimento do movimento talibã. Nesta semana, a coalizão militar da Otan, liderada pelos Estados Unidos, anunciou que as forças americanas e afegãs realizaram nesta zona operações contra a Al-Qaeda.

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