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Guia supremo do Irã aprova acordo nuclear, apesar de 'ambiguidades'

O líder iraniano revelou que o presidente americano Barack Obama havia escrito duas cartas afirmando que os Estados Unidos não procuram "derrubar" o regime da República Islâmica

Agência France-Presse
postado em 21/10/2015 12:46
A guia supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, deu sua aprovação nesta quarta-feira (21/10) ao acordo nuclear com as grandes potências nucleares, apesar de apontar suas "ambiguidades" e "fragilidades estruturais".

Apesar de ter autorizado as negociações nucleares, o guia supremo, que tem a última palavra sobre as questões mais importantes do país, ainda não havia aprovado a aplicação do acordo. "O resultado das negociações tem inúmeras ambiguidades e fragilidades estruturais", afirma o guia supremo em uma carta enviada ao presidente Hassan Rohani, em que acrescenta, no entanto, que aprova a decisão de aplicar o acordo.

De acordo com a Khamenei, "as ambiguidades e a possibilidade de violação do acordo pelas grandes potências", especialmente os Estados Unidos, "exige a criação de uma comissão forte e vigilante para acompanhar o trabalho e aplicação da outra parte dos compromissos".

Ele considera que "nos próximos oito anos", durante os quais o Irã deverá limitar seu programa nuclear, "toda nova sanção, não importa sob que pretexto", principalmente o terrorismo ou o direitos Humanos, "adotada por qualquer país comprometido com as negociações será vista como uma violação" do acordo. Neste caso, "o governo será obrigado a parar" a aplicação da lei votada pelo Parlamento.



O aiatolá Khamenei reiterou que os Estados Unidos vão continuar a sua política de "hostilidade" contra Teerã. "No caso nuclear e em outros casos, o governo dos Estados Unidos não tem outra atitude a não ser de hostilidade em relação ao Irã, e é improvável que mude a sua atitude no futuro", ressaltou Khamenei.

O líder iraniano revelou que o presidente americano Barack Obama havia escrito duas cartas afirmando que os Estados Unidos não procuram "derrubar" o regime da República Islâmica. Mas estas declarações foram "desmentidas" pelo apoio do governo dos Estados Unidos "a conspirações internas, ajuda financeira aos adversários e claras ameaças de ataques militares", disse ele.

Há pouco dias, Khamenei havia afirmado que tinha "proibido" quaisquer negociações com os Estados Unidos sobre outras questões. Concluído depois de dois anos de difíceis negociações, este acordo histórico abre o caminho para o levantamento das sanções econômicas internacionais impostas a Teerã em troca do compromisso de abandonar qualquer projeto de desenvolvimento de armas nucleares e de limitar seu programa nuclear civil por um período de 8 a 15 anos.

O texto foi aprovado em 13 de outubro pelo Parlamento iraniano após o fracasso nos Estados Unidos das tentativas dos republicanos de bloquear a iniciativa no Congresso. A União Europeia e os Estados Unidos adotaram no domingo as medidas necessárias para levantar as sanções que, no entanto, não deverá ocorrer antes do início de 2016.

O líder iraniano disse que, em dois aspectos importantes, as ações que o Irã devem implementar como parte do acordo só serão iniciadas quando a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) encerrar a análise da possível dimensão militar (PMD) do programa nuclear do Irã.

A AIEA deve publicar seu relatório a este respeito o mais tardar em 15 de dezembro. Estes dois pontos são a modificação do reator de água pesada de Arak para reduzir significativamente a produção de plutônio, que pode ser usado para a fabricação de armas nucleares, e o envio para o exterior de seus estoques de urânio enriquecido, atualmente em 10 toneladas, e que deve ser reduzido a 300 kg.

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