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Netanyahu tenta reduzir a tensão na Esplanada das Mesquitas

Primeiro-ministro busca por soluções que amenizem a situação conflituosa que ocorre na região

Agência France-Presse
postado em 27/10/2015 12:13
Jerusalém, Israel - O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, advertiu nesta terça-feira (27/10) seu gabinete, após declarações polêmicas sobre a presença israelense na Esplanada das Mesquitas, uma fonte de tensão com os palestinos e que provocou a recente onda de violência.

[SAIBAMAIS]Em meio aos esforços diplomáticos, a subsecretária do ministério das Relações Exteriores, Tzipi Hotovely, provocou o temor dos palestinos ao afirmar que sonha "ver a bandeira israelense tremulando no Monte do Templo", o nome que os judeus atribuem à Esplanada das Mesquitas, que também o consideram um local sagrado. "Deveríamos hastear a bandeira, esta é a capital israelense e é o local sagrado para os judeus", disse em uma entrevista.

O gabinete de Netanyahu reagiu rapidamente e reiterou a manutenção do ;status quo; de 1967, que estipula que os muçulmanos podem rezar no local e os judeus podem apenas visitar, sem orações.

A política reafirmada no sábado não mudou e o primeiro-ministro "explicou claramente que espera que todos os membros do governo atuem da maneira correspondente", afirma um comunicado oficial.

Os palestinos acusam Israel de avançar para chegar ao ponto que os judeus tenham a possibilidade de rezar no local, que fica na Cidade Antiga de Jerusalém, nas ruínas do antigo templo hebraico.

O aumento da presença dos judeus no local, o fato de alguns visitantes rezarem de maneira clandestina, apesar das proibições, e as declarações incendiárias dos políticos provocaram o aumento da tensão.

Os distúrbios na Esplanada das Mesquitas em Jerusalém Oriental, a área anexada por Israel em 1967, provocaram uma espiral de violência, com ataques com facas que mataram nove israelenses em outubro.

Nesta terça-feira, um israelense de 76 anos que recebeu um tiro na cabeça e foi esfaqueado no peito em 13 de outubro morreu em consequência dos ferimentos.

Os incidentes e protestos deixaram 56 mortos entre os palestinos, assim como um árabe israelense, desde 1; de outubro. Um israelense e um cidadão da Eritreia também foram mortos, confundidos com agressores.

Hotovely, que pertence ao partido de direita de Netanhayu, o Likud, tentou suavizar as declarações mais tarde ao destacar que eram opiniões pessoais.

Jovens sem perspectivas
O receio do início de uma nova intifada provocou intensos esforços diplomáticos. Na segunda-feira (26/10), o presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, se reuniu com a chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, para tentar encontrar uma solução à crise. Abbas reiterou as críticas à falta de respeito de Israel às regras da Esplanada, onde fica a mesquita de Al-Aqsa.

Netanyahu, que prometeu manter o ;status quo;, acusa Abbas de incitar a violência com as acusações.

Muitos jovens que participam nos incidentes nasceram sob a ocupação israelense e não têm perspectivas de futuro, em um momento no qual o processo de paz perde força, assim como a perspectiva do sonho de um Estado palestino.

A maratona diplomática iniciada na semana passada pelo secretário de Estado americano, John Kerry, obteve um acordo para a instalação de câmeras de segurança na Esplanada, que Netanhayu afirmou que serviria para refutar as acusações de que Israel está violando o ;status quo; e para mostrar a origem das provocações.

A Organização para a Libertação da Palestina (OLP), no entanto, criticou a iniciativa ao advertir que permitiria a Israel exercer ainda mais controle sobre o local, com a possibilidade de usar as câmeras "contra os palestinos".



A aplicação do plano também gerou problemas, depois que a equipe jordaniana responsável por instalar as câmeras acusou a polícia israelense de impedir o trabalho.

Amã tem a custódia dos locais sagrados, anexados ao restante de Jerusalém Oriental, mas Israel tem o controle sobre o acesso.

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