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Equipes de emergência enfrentam dificuldades após terremoto no sul da Ásia

Os socorristas temem que um agravamento do clima e o controle exercido pelos talibãs em algumas áreas afetadas compliquem ainda mais o trabalho, apesar da promessa dos insurgentes de facilitar a ajuda

Agência France-Presse
postado em 28/10/2015 10:15
Os socorristas temem que um agravamento do clima e o controle exercido pelos talibãs em algumas áreas afetadas compliquem ainda mais o trabalho, apesar da promessa dos insurgentes de facilitar a ajuda
Shangla, Paquistão -
As equipes de resgate trabalhavam contra o tempo nesta quarta-feira para encontrar sobreviventes do terremoto que deixou mais de 360 mortos no Paquistão e Afeganistão na segunda-feira.

Centenas de milhares de pessoas ficaram totalmente isoladas nas montanhas depois do terremoto de 7,5 graus que destruiu milhares de casas, provocou deslizamentos de terra e derrubou as linhas de comunicação.

Os socorristas temem que um agravamento do clima e o controle exercido pelos talibãs em algumas áreas afetadas compliquem ainda mais o trabalho, apesar da promessa dos insurgentes de facilitar a ajuda.

"Ninguém veio nos ajudar. Somos obrigados a ficar ao relento. Ontem choveu e ninguém veio nos ajudar", lamentou Jamil Khan, de 24 anos, morador do distrito de Shangla, um dos mais afetados pelo terremoto, na província paquistanesa de Khyber Pajtunjwa (noroeste).

O primeiro-ministro do Paquistão, Nawaz Sharif, prometeu aos sobreviventes "generosas compensações para que possam reconstruir casas melhores".

O país tem o maior número de vítimas: 248 mortos - 202 em Khyber Pajtunjwa e mais de 1.600 feridos, apesar do epicentro do terremoto ter sido localizado no Afeganistão, onde 115 pessoas morreram e centenas ficaram feridas.

As autoridades temem o aumento do número de vítimas com a falta de água e comida, além da queda das temperaturas.

O exército paquistanês foi convocado para socorrer as vítimas e já enviou médicos, barracas e alimentos para áreas afetadas.

Mas nas localidades mais remotas, os moradores são obrigados a agir por conta própria para tentar encontra os sobreviventes sob os escombros.

No vilarejo de Gandao, quase todas as 300 casas foram destruídas pelo tremor e muitos moradores se viram obrigados a dormir na rua, sob temperaturas glaciais.

O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) expressou preocupação com a situação das crianças.

O governo paquistanês pediu ajuda às organizações humanitárias, mas vários diretores de ONGs afirmaram que têm dificuldades para organizar os trabalhos por falta de informações sobre a segurança nas zonas afetadas.

O acesso à região é difícil por sua topografia montanhosa e pelo controle exercido pelos talibãs em vastos territórios.

O movimento islamita pediu às ONGs que auxiliem as vítimas e prometeu "ajuda incondicional" de seus combatentes ao resgate.

O governo dos Estados Unidos propôs assistência humanitária ao Afeganistão. A imprensa estatal da China afirma que Pequim também ofereceu ajuda aos dois países afetados pelo terremoto.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou a distribuição de produtos médicos no Afeganistão.

Muitos moradores da região recordaram do terremoto de 7,6 graus de 8 de outubro de 2005 que provocou mais de 75.000 mortes.

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