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Republicano Paul Ryan é eleito presidente da Câmara nos EUA

Com 236 votos, Ryan é o homem mais jovem a assumir a presidência da Câmara desde 1869

Washington, Estados Unidos - Nesta quinta-feira (29/10), os legisladores americanos elegeram Paul Ryan - um republicano conservador que ajudou a conduzir o orçamento e a política fiscal no Congresso - como presidente da Câmara de Representantes, na tentativa de encerrar meses de tensão política.

Em seu nono mandato, Paul Ryan, de 45 anos, foi eleito com 236 votos, do total de 435 membros da Casa, tornando-se o mais jovem presidente da Câmara desde 1869.

Agora, ocupa o mais poderoso cargo no Congresso e é o segundo na linha de sucessão presidencial, atrás do vice-presidente, caso o comandante-em-chefe sofra um "impeachment", ou o poder fique vacante por outro motivo.

Rapidamente, esse congressista pelo estado de Wisconsin convocou republicanos e democratas a trabalharem juntos para levarem a Câmara à "ordem normal".



"Sejamos honestos. A Câmara está quebrada. Não estamos resolvendo problemas. Estamos criando outros. E eu não estou interessado em procurar culpados. Não estamos acertando contas. Estamos limpando o terreno", disse Ryan aos congressistas, depois de ser eleito.

"Nem os membros, nem o povo estão satisfeitos com a maneira como as coisas estão indo. Precisamos fazer algumas mudanças", completou, acrescentando que "uma minoria respeitável (em referência aos democratas) trabalhará de boa-fé".

A líder da minoria democrata, Nancy Pelosi, recebeu 184 votos, enquanto Daniel Webster, o conservador dissidente que entrou na corrida no mês passado, obteve nove votos. Já o ex-secretário de Estado Colin Powell e os congressistas John Lewis e Jim Cooper receberam um voto cada.

Depois da votação, Ryan foi ovacionado e cumprimentado pelos demais congressistas e por convidados, entre eles o candidato republicano à presidência em 2012, Mitt Romney, de quem foi companheiro de chapa.

Nancy Pelosi então entregou a Ryan o martelo da presidência, sob aplausos. "Nunca pensei que seria presidente, mas desde cedo na minha vida eu quis servir à essa Casa. Eu achava esse lugar estimulante, porque, aqui, você pode fazer a diferença", explicou.

O presidente Barack Obama telefonou para Ryan na quarta-feira (28/10), após sua vitoriosa indicação para o cargo.

Apesar de reconhecer "diferenças políticas significativas" entre Ryan e os democratas, o porta-voz de Obama, Josh Earnest, declarou que a Casa Branca acredita que será possível trabalharem juntos para servir ao povo americano.

Boehner sai

Ele substituirá John Boehner, que manteve o posto por quase cinco turbulentos anos e, no mês passado, anunciou que entregaria o cargo até sexta-feira (30/10).

Boehner, de Ohio, renunciou sob pressão dos conservadores radicais de seu partido, um movimento que expôs as divergências profundas entre esses congressistas e os republicanos veteranos e mais tradicionais na Casa.

Antes de sair de cena, Boehner negociou secretamente um acordo orçamentário de dois anos com a Casa Branca que, se for aprovado, vai colocar a Câmara em ordem e evitar grandes crises fiscais para o novo presidente.

"Saio sem arrependimentos. Sem peso", afirmou um emocionado Boehner.

Também ex-presidente na Casa, a democrata Nancy Pelosi elogiou Boehner como a "personificação do sonho americano", acrescentando que "embora tenhamos tido nossas diferenças - e com frequência -, sempre respeitei sua dedicação a essa Casa e seu compromisso com seus valores".

No ano passado, Ryan presidiu a poderosa Comissão de Meios e Recursos da Câmara.

Seus simpatizantes no Congresso esperam que ele se dedique aos principais programas conservadores, no momento em que republicanos e democratas se preparam para a eleição presidencial em 2016.

Depois que o republicano número dois na Casa, Kevin McCarthy, desistiu da disputa, congressistas e líderes partidários aumentaram a pressão para que Ryan assumisse o posto. A justificativa é que ele seria o melhor nome para unificar o campo de batalha republicano.

Paul Ryan hesitou bastante antes de assumir a tarefa e, no início desse processo, disse que aceitaria o posto, apenas se os republicanos se unissem.