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Morre político iraquiano que incentivou a invasão dos EUA ao Iraque

Ahmed Chalabi, apresentou em 2003 às autoridades americanas provas falsas sobre armas de destruição do regime de Saddam Hussein, que foram usadas pelo governo de George W. Bush para justificar a intervenção militar no país

Agência France-Presse
postado em 03/11/2015 14:56
Bagdá, Iraque - O político iraquiano Ahmed Chalabi, que foi um dos principais promotores da invasão de seu país pelos Estados Unidos em 2003, e posteriormente acusado de fomentar informações falsas sobre as armas de destruição em massa, morreu nesta terça-feira (3/11) aos 71 anos. A causa de sua morte foi infarto, anunciou o Parlamento em Bagdá.

O xiita, que presidia a comissão de Finanças do parlamento, apresentou em 2003 às autoridades americanas provas falsas sobre armas de destruição em massa do regime de Saddam Hussein, que foram usadas pelo governo de George W. Bush para justificar a intervenção militar.

Chalabi nasceu em 1944 em uma família abastada de Bagdá, tendo se formado em matemática pela Universidade de Chicago com doutorado pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT).

Em 1992, liderou no exílio o movimento de oposição a Saddan Hussein, o Congresso Nacional Iraquiano (CNI), que reunia diferentes comunidades iraquianas, principalmente de árabes xiitas e sunitas, e curdos.



Um ano depois, instalou-se no Curdistão iraquiano, que gozava de autonomia, e lançou dois anos depois, com o apoio dos serviços secretos americanos, uma ofensiva contra Saddan Hussein. A operação fracassou e Chalabi decidiu voltar aos Estados Unidos.

Apesar dos sérios antecedentes criminais por corrupção e mau uso de recursos públicos, particularmente na Jordânia, Chalabi conseguiu estreitar relações com os falcões do departamento de Defesa dos Estados Unidos e com o então vice-presidente Dick Cheney (2001-2009).

Beneficiando-se da proteção do governo de George W. Bush, em particular do Pentágono, os convenceu da necessidade de derrubar o ditador iraquiano, apresentando provas falsas de supostas armas de destruição em massa escondidas no Iraque. Esse argumento serviu como justificativa para a invasão americana.

Ele voltou a Bagdá depois da queda de Saddam e ocupou, entre outros cargos, o de vice-primeiro-ministro entre abril de 2005 e maio de 2006, e de ministro do Petróleo.

Contudo, seu partido logo teve a imagem afetada e, em 2004, Chalabi foi acusado de fraude e de fornecer informações falsas. Ainda assim, foi eleito deputado e ocupou a presidência da comissão das Finanças do parlamento até seu falecimento.

Depois da invasão americana, Chalabi foi um dos principais impulsionadores da "desbaatificação" do país, ou seja, a exclusão do governo de quadros e membros do Partido Baath (Partido do Renascimento Árabe Socialista), de Saddan Hussein.

Essa política alimentou a rebelião da população sunita contra a ocupação americana no anos 2000.

Alguns analistas acreditam que esta política também contribuiu anos mais tarde para lançar as bases do grupo jihadista Estado Islâmico (EI), que em 2014 conquistou várias cidades e territórios no Iraque e na Síria.

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