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Denúncias esquentam campanha eleitoral argentina

A oposição denunciou nos últimos dias uma campanha de difamação por parte do governo, que parece apostar em uma estratégia de semear o medo

Agência France-Presse
postado em 03/11/2015 17:18
Buenos Aires, Argentina - A menos de três semanas para o segundo turno da eleição presidencial na Argentina, a campanha eleitoral esquentou nesta terça-feira (3/11) com acusações da oposição de uma suposta campanha de difamação, negada pelo governista Daniel Scioli e funcionários do governo.

Em 22 de novembro, disputarão o segundo turno Daniel Scioli, candidato de centro-direita apoiado pela presidente de centro-esquerda Cristina Kirchner, e o prefeito de Buenos Aires, Mauricio Macri.

No primeiro turno, Scioli conquistou 36,8% dos votos, enquanto Macri registrou 34,3%, contrariando todas as probabilidades.

A oposição denunciou nos últimos dias uma campanha de difamação por parte do governo, que parece apostar em uma estratégia de semear o medo.

No último final de semana, durante a transmissão da partida de futebol entre Boca Juniors e Tigre, foi exibida uma propaganda política que comparava Macri à política econômica neoliberal pregada pela ditadura militar (1976-1983).


A propaganda mostrava um discurso do então ministro da Economia da última ditadura militar (1976-1983), José Martínez de Hoz, anunciando o fim das restrições cambiais e a eliminação de impostos e, em seguida, Macri prometendo estas mesmas medidas se vencer a votação.

Macri chamou de "horrível" a propaganda por compará-lo a uma figura emblemática da ditadura que deixou 30.000 desaparecidos, apesar de não negar que tais medidas econômicas façam parte de seu programa de governo.

Além disso, a presidente da organização das Avós da Praça de Maio, Estela de Carlotto, argumentou que, se Macri vencer, os responsáveis por violações dos direitos humanos que foram julgados e condenados poderão ser libertados.

Macri denunciou uma "estratégia obscura do oficialismo de jogar com o medo da população, com o único objetivo de assustá-los sobre a possibilidade de mudança" após 12 anos de governos de centro-esquerda.

No entanto, Scioli rejeitou o argumento. "Não apelamos ao medo, mas à consciência", disse ele na televisão.

Nesta terça-feira (3/11) uma suposta publicação no Twitter do ministro da Saúde, Daniel Gollan, acendeu a polêmica. "Os 12 novos centros de radioterapia para o tratamento do câncer vão continuar se Scioli for presidente. Pensem bem em seu voto", advertia a mensagem que logo foi apagada e negada pelo ministro, que denunciou um hacker.

Por sua vez, Macri pediu aos seus seguidores de "não fazer uma caça às bruxas com os que vão partir" e considerou que tais mensagens "não influenciam o voto do povo".

Nas redes sociais, sob a hashtag #SiGanaMacri, multiplicavam-se críticas e elogios a Macri num tom de ironia.

"Minha filha Antonia (de 3 anos) me perguntou se era verdade que o Kinder Ovo - o popular ovo de chocolate - não vai ter mais surpresa a partir de 10 de dezembro se eu ganhar", zombou Macri.

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