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Primeiro-ministro da Romênia renuncia após tragédia em boate

Um espetáculo pirotécnico provocou um incêndio na sexta-feira na boate Colectiv, no centro de Bucareste

Agência France-Presse
postado em 04/11/2015 09:00
Um espetáculo pirotécnico provocou um incêndio na sexta-feira na boate Colectiv, no centro de Bucareste
O primeiro-ministro romeno, Victor Ponta, anunciou nesta quarta-feira (4/11) sua renúncia em resposta aos protestos após um incêndio em uma boate que deixou 32 mortos na sexta-feira passada em Bucareste. "Estou deixando o cargo de primeiro-ministro", afirmou em um discurso exibido pela televisão.

"Espero que a renúncia do governo satisfaça as pessoas que estavam nas ruas", completou, em referência à multidão que exigiu sua saída na terça-feira em Bucareste e outras cidades do país. "Eu tenho que reconhecer a revolta legítima da população", declarou Ponta, que considerou legítimo que as principais autoridades assumam a responsabilidade da tragédia e não apenas os três donos da boate.

Um espetáculo pirotécnico provocou um incêndio na sexta-feira na boate Colectiv, no centro de Bucareste. Trinta e duas pessoas morreram e quase 200 ficaram feridas. Os três proprietários do local, acusados de homicídio culposo, foram detidos na terça-feira pelo prazo preventivo de 30 dias.

Depois da tragédia, o presidente romeno, o conservador Klaus Iohannis, pediu no domingo uma mudança de atitude da sociedade romena, abalada por várias denúncias de corrupção. "Não devemos seguir tolerando a incompetência das autoridades, a ineficácia das instituições e não podemos deixar que a corrupção continue acontecendo a ponto de matar", afirmou Klaus Iohannis.



Na terça-feira à noite, milhares de pessoas saíram às ruas em Bucareste e acusaram as autoridades de falta de respeito às leis. Ponta, acusado de corrupção, era pressionado há muitos meses e tanto Iohannis como a oposição exigiam sua renúncia.

O premier demissionário comparecerá à justiça sob a a acusação, entre outras, de cumplicidade em evasão fiscal e lavagem de dinheiro na época em que trabalhava como advogado. A tragédia de sexta-feira aconteceu poucos dias depois de outro escândalo afetar o vice-premier e ministro do Interior Gabriel Oprea.

A morte de um policial que integrava sua equipe deixou em evidência possíveis abusos, que violam a lei, por parte de Oprea na utilização dos motociclistas. Na terça-feira, os manifestantes exigiram as renúncias de Ponta e Oprea, acusados de não assumir suas responsabilidades.

Os romenos também pediram uma "mudança profunda" dos políticos, em grande parte acusados de corrupção. O país é um dos mais pobres da União Europeia. Segundo a Constituição, o chefe de Estado deve nomear um primeiro-ministro interino antes de iniciar consultas com os partidos representados no Parlamento sobre a formação de um novo governo.

A coalizão governamental, formada pelos social-democratas de Ponta e três pequenos partidos de centro-esquerda, deve se reunir para decidir os próximos passos. As eleições legislativas na Romênia estão previstas para novembro de 2016.

A renúncia do governo coincide com uma reunião de cúpula de nove chefes de Estado e Governo de países da Europa central e do leste para solicitar uma presença maior da Otan na região, inquieta com o ativismo militar da Rússia na Ucrânia.

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