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Homens vestem saias em marcha contra feminicídio na Argentina

Cartazes com os dizeres "chega de violência contra as mulheres" e "um a mais por nenhuma a menos" foram exibidos pelos organizadores, tomaram as ruas

Agência France-Presse
postado em 06/11/2015 07:23
Buenos Aires, Argentina - Sob o lema desafiador "Vista saia se for homem", um grupo de manifestantes participou na quinta-feira (5/11) nas ruas do centro de Buenos Aires um curioso protesto contra os feminicídios.

[SAIBAMAIS]Cartazes com os dizeres "chega de violência contra as mulheres" e "um a mais por nenhuma a menos" foram exibidos pelos organizadores, concentrados na esquina das avenidas Callao e Corrientes, observados com surpresa e simpatia pela multidão que circula por esta região comercial, estudantil e com muitos bares.

Em 3 de junho passado, a frase "Nenhuma a menos" encabeçou a maciça mobilização popular que reuniu mais de 200 mil pessoas em torno do Congresso da capital argentina, diante dos crimes e da violência de gênero, simultaneamente a uma centena de comícios similares em outras cidades argentinas e também em Chile e Uruguai.

Sem cifras oficiais, a ONG Casa del Encuentro calcula que em 2014 foram registrados na Argentina 277 feminicídios como resultado dos quais 330 crianças ficaram sem mãe. Estatísticas provisórias deste ano revelam um número similar de assassinatos de mulheres.

"Usamos esta peça porque o patriarcado impõe que os homens usem calças e as mulheres, saias. Somos homens que dizemos chega de matar mulheres", disse Saúl Gaitán, trabalhador social e ativista dos direitos humanos à emissora de televisão CN23.



O diretor de teatro Román Mazzili declarou à emissora que "além de a violência ser um tema da sociedade inteira, as mulheres já estão se mobilizando". Os homens com saias marcharam ao longo de dez ruas rumo ao tradicional Obelisco.

"Quem está distraído e com certa indiferença somos nós. Este foi um pouco o motivo desta convocação. Mostrar que nesta cultura patriarcal nós, homens, têm privilégios, mas não somos felizes", afirmou Mazzili.

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