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Egito resiste à tese de atentado contra avião russo

Reino Unido e Estados Unidos priorizam claramente a possibilidade de uma bomba dentro do A321 da companhia russa Metrojet, que caiu em 31 de outubro

Agência France-Presse
postado em 07/11/2015 12:55
O Egito resistia neste sábado à tese de um atentado com bomba para explicar a queda no sábado passado de um avião russo no Sinai, apesar da forte inclinação de fontes próximas às investigações a esta possibilidade.

Reino Unido e Estados Unidos priorizam claramente a possibilidade de uma bomba dentro do A321 da companhia russa Metrojet, que caiu em 31 de outubro poucos minutos depois de decolar de Sharm el-Sheikh com destino a São Petersburgo, provocando a morte das 224 pessoas a bordo.

Neste sábado, milhares de turistas britânicos e russos aguardavam a repatriação neste balneário do sul da península do Sinai.

[SAIBAMAIS]Uma fonte próxima à investigação declarou à AFP que os dados das caixas-pretas indicam que "tudo transcorre de forma normal, absolutamente normal" até o minuto 24, quando subitamente as caixas deixam de funcionar, um fenômeno que sustenta a hipótese de uma "despressurização explosiva muito súbita".

Isto permite "privilegiar fortemente" a hipótese de um atentado com bomba.

"A hipótese de uma explosão originada de uma falha técnica, um incêndio ou outra coisa parece extremamente improvável, já que os aparelhos que gravam teriam apontado algo antes da ruptura e/ou pilotos teriam dito algo", afirmou a fonte.

O grupo Estado Islâmico (EI), cujo braço egípcio é muito ativo no norte da península do Sinai, reivindicou a queda do avião, mas sem explicar como teria executado o ataque.

"Brutal" e "súbito"

Outra fonte próxima às investigações explicou que a análise das caixas-pretas revela o caráter "brutal" e "súbito" do ocorrido. Nas fotos dos destroços do avião, alguns parecem cheios de impactos de dentro para fora da aeronave, "o que tende a dar crédito à tese de um artefato pirotécnico".

Mas o ministro das Relações Exteriores do Egito afirmou neste sábado que o país não privilegia nenhuma hipótese sobre a queda do avião da companhia russa Metrojet no Sinai.

Em uma entrevista coletiva, Sameh Shukry declarou que o país "não descarta nenhuma possibilidade" até a conclusão da investigação.

Ele completou que as informações que podem ter levado o Reino Unido a suspender os voos a Sharm el-Sheikh "não foram repassados até o momento aos serviços de segurança egípcios".

A Rússia optou primeiro pela prudência ante a hipótese de um atentado, mas na sexta-feira o presidente Vladimir Putin ordenou a suspensão dos voos das companhias aéreas do país para o Egito. Londres suspendeu apenas os voos para Sharm el-Sheikh.

Quase 80.000 turistas russos permanecem no Egito, mas o país não organizará uma repatriação de emergência porque os turistas podem retornar à Rússia quando desejarem, afirmou Irina Tiurina, porta-voz do sindicato russo da indústria turística.

"Não acontecerá uma retirada", disse, antes de informar que maioria se encontra em Sharm el-Sheikh e em Hurghada.

Ao contrário dos russos, a repatriação começou para os 20.000 turistas britânicos presentes em Sharm el-Sheikh, balneário ao sul da península do Sinai.

Oito voos com 1.400 pessoas a bordo pousaram no Reino Unido desde sexta-feira. Os turistas retornaram apenas com bagagem de mão e o restante de suas malas será enviado posteriormente.

Ben Khosravi, de 27 anos, que desembarcou no aeroporto de Luton, Londres, criticou o dispositivo de segurança no aeroporto de Sharm el-Sheikh.

"Temos amigos que estavam com isqueiros nos bolsos, os agentes revistavam, mas não pediam que retirassem os objetos (dos bolsos). Era preocupante ver a facilidade com que passavam pelos controles", disse.

Na sexta-feira, em Washington, a secretaria de Segurança Interna anunciou que por "precaução" solicitou a "alguns" aeroportos do Oriente Médio o reforço das medidas de segurança para os voos com destino aos Estados Unidos.

A tragédia do avião russo pode representar um golpe muito duro ao turismo no Egito, vital para a economia de um país afetado por anos de instabilidade desde a queda do presidente Hosni Mubarak, após uma revolta popular em 2011.

De acordo com a imprensa britânica, um avião da companhia Thomson Airways com 189 turistas a bordo que voava de Londres para Sharm el-Sheikh passou a menos de 300 metros de um míssil em 23 de agosto.

O ministério britânico dos Transportes confirmou ao jornal Daily Mail o "incidente", mas um porta-voz do governo afirmou que o ocorrido foi provocado por exercícios de rotina do exército egípcio e não por um ataque específico.

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