Mundo

EUA acreditam ter matado carrasco do EI 'Jihadista John'

Britânicos não estão seguros da morte que ainda não foi confirmada

Agência France-Presse
postado em 13/11/2015 18:32
Washington, Estados Unidos - Os Estados Unidos anunciaram nesta sexta-feira (13/11) estar "razoavelmente certos" de ter eliminado o carrasco mais conhecido do Estado Islâmico (EI), o britânico John, o jihadista, em um ataque com drone na Síria, embora sua morte ainda não tenha sido confirmada.

"Estamos razoavelmente certos de que matamos o objetivo (...) ;Jihadista John;", disse o coronel Steven Warren, falando em Bagdá durante uma coletiva de imprensa transmitida pela internet no Pentágono. Warren disse que levará tempo para uma confirmação formal definitiva. As autoridades britânicas tampouco estão seguras de sua morte.

"Ainda não temos certeza do sucesso do ataque" contra Mohammed Emzawi, mas a morte "desse assassino bárbaro seria um golpe no coração do Estado Islâmico", afirmou nesta sexta-feira o primeiro-ministro britânico, David Cameron, em uma breve declaração à imprensa.

"Foi um ato de autodefesa, a coisa certa foi feita", acrescentou o primeiro-ministro, defendendo a legitimidade do ataque.



O secretário de Estado americano, John Kerry, em visita à Tunísia, aproveitou para fazer um alerta: "os terroristas associados ao Daesh (acrônimo em árabe do EI) devem saber disto: seus dias estão contados e serão vencidos", afirmou.

Acredita-se que Emwazi tenha decapitado pessoalmente, em vídeos que deram a volta ao mundo, os jornalistas americanos Steven Sotloff e James Foley, o voluntário americano Abdul-Rahman Kassig, os voluntários britânicos David Haines e Alan Henning, o jornalista japonês Kenji Goto, além de outros inúmeros reféns.

O Pentágono informou que o ataque aéreo, realizado quinta-feira à noite, ocorreu em Raqa (norte da Síria), a capital do ;califado; autoproclamado em 2014 pelo Estado Islâmico.

O Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH), com sede na Inglaterra, informou que quatro pessoas morreram em um ataque nesta madrugada em Raqa.

O porta-voz do Pentágono, Peter Cook não informou se Mohamed Emwazi morreu, afirmando apenas que "os resultados da operação realizada durante a madrugada estão sendo avaliados e informações adicionais serão dadas quando for apropriado", segundo comunicado.

Já a emissora CNN e o jornal Washington Post, citando dirigentes americanos, afirmam que o ataque foi realizado com um drone e que o objetivo foi identificado vários dias antes pela inteligência americana.

Familiares das vítimas do terrorista comemoraram o ataque. "Senti alívio ao saber que ele nunca mais aparecerá em um desses vídeos horríveis", declarou à televisão ITV Bethany Haines, filha de David Haines.

No entanto, "embora tenha desejado muito a sua morte, também queria respostas para as perguntas de por que ele fez isso, por que meu pai, e o que ganhou com isso", lamentou.

"Eu queria que o mascarado covarde sofresse da mesma forma que Alan e seus amigos, mas estou feliz que tenha sido destruído", tuitou Stuart Henning, sobrinho de Alan Henning.

Por sua vez, Diane Foley, a mãe do jornalista americano James Foley, criticou o fato de haver mais esforços para acabar com Emwazi "do que para resgatar esses jovens americanos quando estavam vivos."

"É um fraco consolo saber que o ;jihadista John; teria sido morto pelo governo americano", afirmaram os pais do jornalista, lembrando que "sua morte não trará Jim de volta".

Golpe simbólicoA possível morte de Emwazi "é mais um golpe simbólico", estimou Raffaello Pantucci, diretor de estudos de segurança internacional no instituto de pesquisa RUSI (Royal United Services Institute), em Londres.

"Taticamente não mudará nada para o grupo", acrescentou. No entanto, "ao eliminar uma figura proeminente, você mostrar que tem um longo alcance".

Para o especialista Ranj Alaaldin, da London School of Economics (LSE), o ataque "mina a aura de invencibilidade" do Estado Islâmico. Emwazi, um programador de informática de Londres, nasceu no Kuwait, em uma família apátrida de origem iraquiana. Seus pais imigraram para a Grã-Bretanha em 1993 depois que seus pedidos de cidadania kuwaitiana fracassaram.

Ele apareceu pela primeira vez em um vídeo em agosto de 2014, no qual decapita James Foley, jornalista freelancer de 40 anos que desapareceu na Síria em novembro de 2012. O vídeo, intitulado "Uma mensagem à América" %u200Bprovocou condenações em todo o mundo.

Testemunhos sobre Emwazi o descreveram como um jovem londrino sem problemas aparentes, que gostava de futebol e videogame, que se radicalizou e se tornou um "frio, sádico e impiedoso" assassino, nas palavras de um refém.

O ataque em Raqa coincide com o apoio dos Estados Unidos aos combatentes curdos que lançaram uma ofensiva para recuperar a cidade de Sinjar, no norte do Iraque. O EI controla muitas áreas no Iraque e na Síria, devastada desde 2011 por um conflito complexo que já fez mais de 250 mil mortes.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação