Agência France-Presse
postado em 14/11/2015 10:34
Erbil, Iraque - As forças curdas iraquianas se esforçavam neste sábado para desarmar os explosivos e minas terrestres escondidas na cidade de Sinjar, no norte do Iraque, cujo controle eles retomaram na sexta-feira das mãos do grupo jihadista Estado Islâmico (EI).As armadilhas, uma tática utilizada pelo EI para evitar que seus inimigos entrem em uma cidade, devem ser desarmadas antes do retorno dos habitantes de Sinjar, principalmente da comunidade yazidi.
Esta minoria religiosa de língua curda fugiu da cidade há mais de um ano, depois que vários de seus membros foram vítimas de massacres, estupros e escravizados pelos combatentes jihadistas.
"Até o momento, desativamos 45 bombas e um carro-bomba", indicou Suleiman Said, membro das forças peshmergas (combatentes curdos) da região autônoma do Curdistão iraquiano.
"As bombas estão espalhadas nas casas", informou, acrescentando que cerca de 20 toneladas de explosivos foram encontrados em uma fábrica de bombas, bem como 20 barris de explosivos.
"Agora que eles recuperaram Sinjar, o próximo passo consiste em entrar e limpar a cidade", declarou, por sua vez, o porta-voz americano da coalizão internacional contra o EI, o coronel Steve Warren, durante uma coletiva de imprensa.
"Essa operação vai levar tempo, provavelmente uma semana, 10 dias, ou até duas semanas, dependendo da complexidade das minas e obstáculos que o (EI) deixou para trás", acrescentou.
O Conselho de Segurança da região autônoma do Curdistão iraquiano (KRSC) afirmou que as equipes vão trabalhar "para limpar uma área densamente minada".
Os explosivos não são, porém, o único obstáculo para o retorno dos habitantes, muitas casas e lojas foram destruídas durante os combates.
Apoiados por combatentes yazidis e pelos ataques da coalizão, milhares de peshmergas lançaram na quinta-feira a ofensiva para retomar Sinjar.
Esta operação permitiu cortar a estrada 47, uma das principais vias de comunicação e reabastecimento dos jihadista entre o Iraque e a Síria.
Sinjar fica localizada em um eixo que liga Mossul (norte), reduto do EI no Iraque, aos territórios controlados por este grupo na Síria, e que permite aos jihadistas transportar material e homens entre os dois países, onde controlam vastos territórios.
O líder da região autônoma do Curdistão iraquiano, Massud Barzani, afirmou na sexta-feira "a libertação de Sinjar".
A retomada de Sinjar pode desferir um importante golpe contra os jihadistas no plano estratégico, mas também representar uma importante vitória simbólica: os jihadistas tomaram a cidade em agosto de 2014, cometendo inúmeros abusos contra sua população.
O ataque foi descrito pela ONU como "genocídio". Dezenas de milhares de yazidis se refugiaram nas montanhas de Sinjar, permanecendo bloqueados por semanas sem água, comida e submetidos a altas temperaturas.