Agência France-Presse
postado em 16/11/2015 13:10
Bruxelas, Bélgica - A polícia belga realizou nesta segunda-feira (16/11) uma nova operação no bairro popular de Molenbeeck, em Bruxelas, para tentar encontrar Salah Abdeslam, suspeito chave dos atentados de sexta-feira em Paris, mas que terminou sem detenções. "A operação terminou e o resultado é negativo, ninguém foi detido", declarou o porta-voz da procuradoria federal belga, Eric Van Der Sypt.A operação foi organizada para deter Salah Abdeslam, um francês de 26 anos nascido na Bélgica que é objeto de um mandato de prisão internacional e apresentado como "perigoso". Ele é suspeito de ter participado junto com seus irmãos dos ataques de sexta-feira à noite em Paris, que deixaram ao menos 129 mortos.
A justiça belga emitiu uma ordem de prisão internacional contra Salah, que teria alugado o veículo, um Volkswagen Polo preto, matriculado na Bélgica que foi encontrado estacionado em frente à casa de espetáculos Bataclan, onde 89 pessoas foram assassinadas.
Seu irmão Brahim, de 31 anos, também de nacionalidade francesa, mas residente em Bruxelas, explodiu-se em frente a um bar no Boulevard Voltaire, na capital francesa. Brahim havia alugado um carro Seat preto, registado na Bélgica, e encontrado em Montreuil, perto de Paris, no dia seguinte aos ataques. A bordo, três fuzis AK47, onze carregadores vazios e cinco completos.
Um outro irmão, Mohamed Abdeslam, detido em um primeiro momento na Bélgica, foi libertado nesta segunda-feira, sem qualquer acusação.
Operação infrutífera
A operação belga mobilizou neste bairro popular de Bruxelas dezenas de policiais, armados e equipados com coletes à prova de bala. Unidades dos esquadrão anti-bombas e bombeiros também foram enviados para o local, onde um perímetro de segurança foi estabelecido.
A polícia federal pediu no Twitter "com insistência que a imprensa não divulgasse imagens ao vivo da intervenção em Molenbeek. Para a segurança de todos". De fato, a transmissão de imagens ao vivo das ações policiais pode ajudar os terroristas a fugir ou responder mais eficazmente às forças de ordem, baseando-se nas imagens televisionadas.
Policiais das unidades especiais cercaram um prédio de Molenbeek, onde um grande perímetro de segurança foi montado, impedindo jornalistas e moradores de se aproximar do local. Segundo a prefeita de Molenbeeck, Françoise Schepmans, "é possível que haja outras operações. Trata-se de operações selecionadas, que devem ser realizadas na calma", acrescentou.
No sábado, um dia depois dos ataques sangrentos em Paris, a polícia encontrou em Molenbeeck um dos veículos utilizados em alguns dos ataques. A Bélgica parece ter sido usada como base de retaguarda para alguns terroristas.
A procuradoria belga informou que além de Mohamed Abdeslam, irmão de Salah, outras quatro pessoas detidas como parte da investigação foram libertadas nesta segunda-feira. "No total cinco pessoas foram liberadas e duas continuam em detenção provisória", indicou a procuradoria federal belga à Agência France Presse (AFP).
Mohamed Abdeslam foi interrogado por um juiz de instrução que decidiu libertá-lo, de acordo com sua advogada, Nathalie Gallant.
"Ele tem um álibi. Na sexta-feira à noite, estava com seu sócio em Li;ge (leste da Bélgica), onde trabalha em um projeto de restauração de um bar. As declarações do sócio" confirmam que ele "não poderia ter estado em Paris na sexta-feira", acrescentou. "Ele não estava em contato com seus irmãos nos últimos dias", garantiu.