Agência France-Presse
postado em 16/11/2015 18:30
"Temos uma boa estratégia e vamos até o fim": garantiu o presidente americano, Barack Obama, três dias depois da série de ataques em Paris, ao defender com unhas e dentes sua estratégia para combater o Estado Islâmico (EI).Os ataques cometidos na capital francesa, na última sexta-feira, deixaram 129 mortos e mais de 350 feridos.
"Os acontecimentos em Paris foram, evidentemente, um golpe terrível", respondeu Obama, por ocasião da cúpula do G-20 no balneário de Antalya, no sul da Turquia.
"Mas, ao mesmo tempo em que compartilhamos a dor dos nossos amigos franceses, não devemos nos esquecer de que avanços foram feitos", declarou.
"No Iraque, assim como na Síria, o EI controla menos territórios do que antes", frisou Obama.
Bombardeado de questionamentos sobre uma possível mudança de abordagem, o presidente reafirmou sua firme oposição ao envio de tropas de combate ao terreno e rebateu a ausência de propostas sólidas por parte de seus adversários.
"Não tomo decisões porque serão hábeis politicamente, ou porque permitirão dar uma imagem de mim mesmo como sendo durão", declarou.
Prometendo uma intensificação dos ataques aéreos - mais de 8.000 são lançados diariamente -, ele também prometeu uma aceleração dos esforços diplomáticos na Síria para favorecer uma transição política, "única maneira de pôr fim à guerra e de unir o povo sírio contra o EI".
Imigrantes sírios, os mais vulneráveis
Obama também comemorou os "avanços modestos" nas conversas para um acordo na Síria.
"As discussões de Viena marcam, pela primeira vez, um acordo de todos os países-chave", disse Obama, referindo-se ao acordo concluído na capital austríaca para uma transição política.
Ao falar das reações de recusa dos imigrantes em alguns países europeus, após o trauma de Paris, o presidente americano fez um alerta.
"As pessoas que fogem da Síria são as que mais sofrem com o terrorismo, são as mais vulneráveis", frisou.
"É muito importante que não fechemos nossos corações às vítimas de uma violência dessas", insistiu, fazendo um apelo para que "não se relacione a questões dos refugiados com a do terrorismo".
"Quando escuto as pessoas falando que deveríamos receber apenas cristãos, mas não os muçulmanos, é uma vergonha, não é americano", lamentou, acrescentando que "nossa compaixão não pode ser submetida a testes religiosos".
A menos de três meses do início das primárias americanas, os atentados de Paris entraram em cheio no centro da campanha eleitoral.
Filho e irmão de ex-presidentes e um dos pré-candidatos na corrida pela Casa Branca, Jeb Bush propôs, há alguns dias, concentrar os esforços americanos em termos de refugiados "nos cristãos que são massacrados" na Síria.
Um de seus oponentes na corrida eleitoral, o falcão intervencionista Lindsey Graham, propõe enviar 10.000 homens à Síria. Em um país com a memória ainda viva do atoleiro iraquiano, a posição de Graham é isolada no Partido Republicano.
Anunciando um reforço na troca de informação entre os Serviços de Inteligência americano e francês, Obama contestou firmemente a ideia de que os EUA teriam qualquer informação referente a um possível ataque a Paris.
"Não há qualquer elemento específico relativo a um ataque desses (...) que pudéssemos ter fornecido às autoridades francesas", garantiu.
O Iraque disse ter compartilhado com Washington informações sobre "possíveis ataques em alguns países, especialmente na França, nos Estados Unidos e no Irã".