Agência France-Presse
postado em 17/11/2015 11:15
O Tribunal de Apelação de Paris anulou nesta terça-feira (17/11) uma contra-análise contestada pela companhia aérea Air France e as partes civis na investigação do acidente do voo 477 Rio-Paris em 2009 e remeteu o processo aos juízes de instrução, indicaram fontes concordantes.Os primeiros juízes de instrução notificaram no verão de 2014 o fim das investigações do caso onde as empresas Air France e Airbus, indiciadas por homicídios culposos, esperavam evitar um julgamento. O desastre, que ocorreu em 1; de junho de 2009, causou 228 mortos, todos passageiros e tripulantes. O ponto de partida do acidente foi o congelamento durante o voo das sondas Pitot, o que provocou erros nas medições de velocidade do Airbus A330.
A pedido da Airbus, os juízes requisitaram uma nova perícia, cujos resultados, apresentados em abril de 2014, ressaltaram a "reação inapropriada da tripulação" e as falhas da Air France. O trabalho, favorável à Airbus, foi duramente criticado pela Air France, que solicitou à câmara de instrução do tribunal de apelação de Paris que o declarasse nulo.
A empresa alegou que "dois voos de teste foram realizados na Airbus com tripulações da Airbus sem que a Air France fosse informada". "Os especialistas realizaram suas operações de maneira particularmente criticável", alegaram os advogados da companhia, François Saint-Pierre e Fernand Garnault.
A câmara de instrução do Tribunal de Apelações anulou nesta terça a ordem de contra-análise, justificando que o procedimento não foi notificado a todas as partes, incluindo as famílias das centenas de vítimas, segundo indicou à AFP uma fonte próxima ao caso, uma informação confirmada por uma fonte judicial. Portanto, os atos decorrentes, incluindo a contra-análise em si mesma, foram anulados.
Esta ;contra-expertise; focou numa possível "resposta inadequada da tripulação" e sobre as violações da Air France, inocentando a Airbus, enquanto a primeira análise apontou como causas do acidente as falhas da tripulação, problemas técnicos e um déficit de informação dos pilotos em caso de congelamento das sondas, apesar de incidentes anteriores.
Este congelamento das sondas Pitot é um elemento chave na investigação, porque teria conduzido a uma incoerência nas medições de velocidade do Airbus A330, que caiu no Oceano Atlântico.
A principal associação das vítimas, Entraide et solidarité AF447, também pediu ao Tribunal de ordenar um complemento da investigação para identificar de maneira mais clara aos representantes as falhas que impliquem a responsabilidade da Air France e da Airbus.
As famílias das vítimas temem que o caso não seja suficientemente sólido se algumas questões não forem respondidas, o que elevaria o risco de arquivamento ou absolvição em caso de processo. Em sua decisão, o Tribunal de Apelação reverteu as decisões em que os juízes de instrução rejeitaram os recursos das partes civis, disseram as fontes.