Mundo

Abbaoud esteve envolvido em quatro atentados frustrados na França

Abbaoud morreu na noite de quarta-feira (18/11) após operação da polícia francesa

Agência France-Presse
postado em 19/11/2015 13:22
Abbaoud morreu na noite de quarta-feira (18/11) após operação da polícia francesa
O belga Abdelhamid Abaaoud, morto na quarta-feira (18/11) na opreação realizada pela polícia francesa em Saint-Denis (norte de Paris) esteve envolvido em quatro de seis atentados frustrados este ano na França, indicou o ministro do Interior, Bernard Cazeneuve.

"Seis atentados foram evitados ou desbaratados pelos serviços franceses desde a primavera (hemisfério norte) de 2015, e Abaaoud estaba implicado em quatro deles", afirmou Cazeneuve. Ele enfatizou ainda que o "jihadista belga desempenhou evidentemente um papel determinante nos ataques realizados na sexta-feira em Paris".

O suposto líder dos atentados de Paris, o jihadista belga Abdel Hamid Abaaoud, foi morto pela polícia durante a operação de quarta-feira (18/11) em Saint Denis - anunciou nesta quinta-feira (19/11) a justiça francesa. O corpo de Abaaoud, crivado de balas durante a operação, foi formalmente identificado pela polícia, segundo um comunicado do procurador François Molins, responsável pelo caso.

[SAIBAMAIS]Além de ser o suposto mentor da chacina da última sexta-feira, Abaaoud esteve envolvido em quatro de seis atentados frustrados este ano na França, segundo o ministro do Interior, Bernard Cazeneuve. "Seis atentados foram evitados ou desbaratados pelos serviços franceses desde a primavera (hemisfério norte) de 2015, e Abaaoud estava implicado em quatro deles", afirmou Cazeneuve.

Na quarta-feira, uma grande operação policial foi lançada contra um apartamento de Saint-Denis, na periferia norte de Paris, depois que uma testemunha indicou que Abdel Hamid Abaaoud, que supostamente estaria na Síria, estava, na verdade, na França.

Conhecido como Abou Omar al-Baljiki ("o belga", em árabe), o jihadista de 28 anos ativamente procurado era uma das figuras francófonas do Estado Islâmico (EI), a organização que reivindicou os piores atentados já cometidos na França, deixando 129 mortos e 332 feridos.



Pequeno delinquente que se radicalizou e foi para a Síria em 2013, Abaaoud apareceu nas primeiras páginas dos jornais belgas no começo de 2014, depois de ter levado para a Síria seu irmão, Younes, de 13 anos. Em fevereiro, alardeava ter entrado e saído da Europa para preparar atentados na Bélgica, frustrados pela polícia.

Seu destino permaneceu incerto até agora, quando estavam sendo identificados os corpos mutilados de duas pessoas mortas no ataque de Saint-Denis. Oito pessoas também foram presas durante a operação, cujas identidades ainda não foram divulgadas.

Continuar ;prudente;
"Abaaoud, o cérebro dos atentados - um dos cérebros dos atentados - ou melhor, um dos cérebros, pois precisamos ser prudentes neste momento - está entre os mortos", declarou nesta quinta-feira o primeiro-ministro francês, Manuel Valls.

Leia mais notícias em Mundo

Após a identificação de Abaaoud, os investigadores tentam reconhecer os restos mortais da segunda pessoa encontrada morta no apartamento de Saint-Denis. Os policiais que trabalham no caso acreditam trata-se de uma mulher que detonou seu cinturão de explosivos.

A busca continua por Salah Abdeslam, 26 anos, outro suspeito-chave que metralhou em 13 de novembro os terraços dos cafés e restaurantes parisienses, ao lado do irmão Brahim Abdeslam, que detonou os explosivos que levava em frente a um bar. Ele está sendo muito procurado após fugir de Paris no sábado. Dois supostos cúmplices desta fuga foram presos em Bruxelas e condenados por "atentado terrorista". Outro jihadista, não identificado, também estaria foragido.

Na Bélgica, seis mandados de busca foram lançados na quinta-feira na região de Bruxelas no "círculo imediato" de Bilal Hadfi, 20 anos, um dos kamikazes de Paris. O anúncio da morte de Abaaoud, "o belga" ocorre num momento tenso, já que os deputados franceses autorizaram nesta quinta-feira o governo a bloquear, dentro do estado de emergência decretado, os sites e redes sociais que fazem apologia ao terrorismo.

O ministro do Interior pediu nesta para que a Europa "se organize no âmbito da luta contra o terrorismo", compartilhando informações de forma eficaz e adotando, nomeadamente, um registo comum dos passageiros dos transportes aéreos. "A Europa que tanto amamos e construímos deve fazer de tudo para derrotar o terrorismo", disse o ministro Cazeneuve.

Risco químico

Diante de um plenário lotado, Manuel Valls falou sobre o risco de ataque por "arma química ou biológica", enquanto o governo permitiu que a farmácia das forças armadas distribua um antídoto para armas biológicas aos serviços de emergência civis da França.

"O risco não está excluído", comentou em entrevista a uma rádio um ex-alto funcionário dos serviços de inteligência, Alain Rodier. No entanto, este tipo de produto (sarin ou gás mostarda) é "um trabalho extremamente difícil, muito menos eficaz como se poderia pensar", explicou.

"O primeiro-ministro está falando numa hipótese para o futuro", disse posteriormente à AFP uma fonte próxima ao primeiro-ministro. "Os especialistas em Oriente Médio sabem que o Daech (acrônimo em árabe para o Estado Islâmico) procura e usa armas químicas. Não considerar esta hipótese seria um erro", explicou a mesma fonte.

A Câmara dos Deputados da França aprovou nesta quinta-feira a prorrogação por três meses do estado de emergência instaurado no país. O projeto de lei, que será apresentado na sexta-feira ao Senado, apresenta algumas mudanças a um texto que data de 1955. A votação da Assembleia Nacional foi quase unânime.

Seis dias após os graves ataques que mataram 129 pessoas e deixaram 352 feridos, a França mostra sua unidade mas vive, apesar dos cartazes de "Même pas peur" ("Nem estou com medo", em francês) colocados em toda a Praça da República, um estado de psicose contra possíveis novos ataques.

Mesmo que os os parisienses tenham voltado aos terraços e aos teatros, a atmosfera permanece pesada. A proibição de fazer manifestações nas vias públicas em Paris e nos arredores, decidida no dia seguinte ao manho de sangue, foi prolongada até domingo. A polícia vai ficar armada em todos os momentos, inclusive fora de serviço, numa base voluntária, anunciou a direção da polícia.

As medidas anunciadas para reforçar a segurança no país custarão ao estado francês "600 milhões de euros" em 2016, segundo o governo, que disse "assumir" de hoje em diante uma "degradação do déficit público" com relação às previsões de 2016.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação