Paris, França - O primeiro-ministro francês, Manuel Valls, declarou nesta quinta-feira que o sistema Schengen será "posto em xeque (...) se a Europa não assumir suas responsabilidades" nas fronteiras, em pleno debate sobre as falhas que permitiram ao suposto mentor dos atentados de Paris transitar entre Europa e Síria.
Na véspera de uma reunião de ministros europeus do Interior e da Justiça, em Bruxelas, Manuel Valls pediu - em uma entrevista ao canal público France 2 - "que cada país na fronteira com a França desempenhe plenamente seu papel".
Segundo ele, alguns dos autores dos atentados em Paris "aproveitaram a crise dos refugiados (...) para entrar" na França.
"Esses indivíduos aproveitaram a crise dos refugiados (...) deste caos, para, talvez, entrar..." na França, disse Valls, sem concluir a frase. Ele acrescentou imediatamente que "outros já estavam na Bélgica. Outros, eu quero lembrá-los, estavam na França".
Os países europeus, com a França à frente, pedem uma rápida revisão das regras do espaço Schengen, para que os controles sistemáticos nas fronteiras externas da UE também incluam os cidadãos europeus, de acordo com um documento a ser adotado sexta-feira em Bruxelas.
A medida é uma das principais a ser acordada pelos ministros do Interior dos Estados-membros, em uma reunião extraordinária do Conselho da UE, convocada a pedido da França após os ataques de Paris.
Os ministros também vão pressionar por uma adoção mais rápida de um sistema europeu que reúna dados dos passageiros aéreos e uma intensificação do intercâmbio de informações entre os países para melhorar a luta contra o terrorismo.
Esta não é a primeira vez que o Conselho solicita uma extensão aos cidadãos da UE do controle sistemático em sua entrada no espaço Schengen.
Nesse sentido, o Conselho da União Europeia deve convidar o Executivo da UE "a apresentar uma proposta de revisão específica do artigo 7; do Código de Schengen", que reserva os controles sistemáticos nas fronteiras externas aos cidadãos de países terceiros, de acordo com o projeto.
Sem esperar, os Estados-membros devem acordar já na sexta-feira "a implementação imediata" dos controles sistemáticos nas fronteiras externas.
"Isso não foi implementado, então, o Conselho vai insistir. Mas trata-se de controles de passageiros, ou voos, que respondam a determinados critérios", explicou à AFP uma fonte europeia. "Para que os controles de cidadãos da UE passem a ser sistemáticos, conforme solicitado pela França, será preciso rever o Código Schengen", acrescentou.
Os controles em questão são aqueles que vão além da mera verificação de identidade, já possível para todos os viajantes, podendo incluir uma ampla consulta das bases de dados, como o Sistema de Informação de Schengen (SIS).