Agência France-Presse
postado em 19/11/2015 21:42
Washington - O papel central desempenhado por jihadistas franceses e belgas nos atentados de Paris reavivou as preocupações no Congresso americano com o acordo que permite aos turistas europeus ingressar sem visto nos Estados Unidos. Os congressistas prometeram se dedicar ao tema para corrigir essas "deficiências".Depois dos ataques dos irmãos Kuachi em Paris, em janeiro passado, o Congresso americano já havia demonstrado sua preocupação com a liberdade de circulação de que gozam pessoas provenientes de 38 países que não precisam de visto para viagens com menos de 90 dias de duração.
Entre eles, estão 23 países da União Europeia, Suíça, Noruega, Austrália, Nova Zelândia, Chile, Japão, Cingapura e alguns pequenos Estados.
Ao menos 20 milhões de pessoas entraram sem visto nos Estados Unidos em 2013, segundo o Departamento de Segurança Interna, o que representa mais de um terço dos visitantes temporários. A única formalidade exigida é o preenchimento de um formulário biográfico on-line, o ESTA. E vale a reciprocidade: os americanos podem viajar para esses países sem visto.
Em troca, as autoridades se comprometem a compartilhar suas fichas biográficas, criminais e biométricas, e adotar passaportes eletrônicos. Até recentemente, havia congressistas pressionando para que a lista fosse ampliada para favorecer o setor turístico.
Alguns legisladores advertiram que as falhas no programa de isenção de vistos são muito mais perigosas.
"Vou colocar mais atenção nesse programa", disse o senador republicano Bob Corker, presidente da Comissão das Relações Exteriores do Senado.
O problema, alegam alguns congressistas, é que a UE não compartilha o suficiente suas bases de dados com as autoridades americanas, o que impede que consigam identificar eventuais jihadistas entre os turistas.
A confusão reinava na noite de quarta-feira sobre a presença, ou não, dos autores dos atentados de Paris nas listas negras americanas. O temor é que alguns deles tenham sido autorizados a tomar um avião rumo a Nova York, ou a Washington, com seu passaporte francês.
Os americanos também temem que as autoridades europeias concedam "status" de refugiado a alguns dos 800.000 imigrantes que chegaram ao continente nos últimos meses sem terem verificado suficientemente seus antecedentes.
Esse status poderá lhes permitir, daqui a alguns anos, obter um passaporte europeu e chegar, sem problemas ao território americano.
Na Câmara de Representantes, onde têm maioria, os republicanos anunciaram ontem que vão apresentar uma proposta de lei sobre o assunto no início de dezembro.
"Que 5.000 combatentes estrangeiros tenham passaporte europeu é, evidentemente, uma vulnerabilidade. Essas falhas na segurança têm de ser corrigidas", disse à imprensa o republicano Michael McCaul, que preside a Comissão de Segurança Interna.
McCaul não revelou o conteúdo da proposta, mas algumas pistas já foram dadas.
Um relatório publicado por sua comissão na quarta-feira condena as autoridades europeias por não transmitirem sistematicamente a seus pares americanos os dados que possuem sobre os combatentes extremistas.
O documento defende que se compartilhe de maneira mais exaustiva do que no momento atual as informações de Inteligência. Nesse sentido, propõe criar uma base mundial de dados sobre os combatentes estrangeiros.