Jornal Correio Braziliense

Mundo

Após vitória em segundo turno, conservador Macri anuncia 'mudança de época'

A diferença final de menos de 3% mostrou uma disputa muito acirrada, na qual Macri obteve 51,4% dos votos, contra 48,5% de Scioli, após a apuração de 99% das urnas



Rejeição ao kirchnerismo
As comemorações chegaram ao tradicional Obelisco de Buenos Aires, onde eleitores de Macri festejaram com garrafas de champanhe. Macri capitalizou o voto de rejeição ao kirchnerismo e sua força eleitoral está nas grandes cidades do centro do país. Esta é a primeira vez um líder da direita liberal chega ao poder pelas urnas em eleições livres, sem o apoio de uma ditadura, fraudes ou candidatos proscritos.

Em sua vida democrática, a Argentina apenas teve no poder a alternância entre o Partido Justicialista (PJ, peronista) e a UCR. Scioli (58 anos) é um ex-campeão mundial de motonáutica e filho de um comerciante que estabeleceu uma aliança tática com Kirchner, mas sem o seu estilo de confronto.

Depois de votar em Rio Gallegos, 2.500 km ao sul de Buenos Aires, na província de Santa Cruz (Patagônia), Cristina Kirchner defendeu os 12 anos de kirchnerismo no poder, citando a "estabilidade econômica e social". Mas o atual governo deixa uma economia com sinais de crescimento frágil, de 2,2% no primeiro semestre, uma inflação superior a 20% e reservas reduzidas no Banco Central.

O consumo é sustentado com programas de incentivos e ajustes de salários em negociações livres sindicatos-empresas. Os Kirchner decidiram estatizar novamente empresas de serviços e nacionalizar o setor de petróleo. Também definiram 93% da dívida em ;default; desde 2001. Mas 7% dos credores, os fundos especulativos (abutres), representam um duro litígio em Nova York.

Em 12 anos, foram criados 5 milhões de empregos, estimulou-se a ciência e a tecnologia, e milhares de pessoas recebem subsídios e aposentadorias especiais do governo.