Agência France-Presse
postado em 23/11/2015 12:54
Yangon, Mianmar - Os serviços de emergência prosseguiam nesta segunda-feira (23/11) com as buscas por desaparecidos em um deslizamento de terra que sepultou no sábado uma mina de jade em Mianmar, uma tragédia que provocou mais de 110 mortes.
[SAIBAMAIS]"Encontramos oito corpos hoje e registramos 113 vítimas", afirmou à AFP Nilar Myint, funcionário do governo da região de Hpakant, local da catástrofe. "As operações de resgate continuam e encontramos mais corpos. No total, há mais de uma centena", havia declarado mais cedo à Agência France Presse (AFP) Dashi Naw Lawn, integrante da associação local Kachin Network Development Foundation.
A tragédia aconteceu no sábado (21/11) antes do amanhecer na região de Hpakant (norte), quando uma gigantesca montanha de terra e dejetos caiu sobre dezenas de cabanas onde dormiam pessoas que vivem da busca de restos de jade não detectados pelas empresas exploradoras.
Este é provavelmente o deslizamento de terra com o maior número de mortes nesta região pobre e de difícil acesso. As autoridades têm poucas esperanças de encontrar sobreviventes e admitiram que não sabiam quantas pessoas moravam nas cabanas. Este tipo de acidente é frequente na região, repleta de crateras provocadas pela exploração das minas, em detrimento do meio ambiente. Mas nunca haviam sido registradas tantas vítimas em apenas uma tragédia.
"Conseguimos identificar quase 80% dos corpos encontrados", disse à AFP Tint Swe Myint, funcionária do governo, que anunciou o prosseguimento as buscas na terça-feira.
Milhares de trabalhadores birmaneses pobres viajam até esta região no extremo do país para tentar encontrar restos de jade não detectados pelas empresas e deixados nas montanhas de terra e outros dejetos ao lado das minas.
Mianmar, maior produtor mundial desta pedra preciosa, obtém grandes lucros da forte presença de jade no subsolo desta região mineradora. Em 2014, a produção de jade em Mianmar alcançava o valor de 31 bilhões de dólares, uma quantia 10 vezes superior à oficial, segundo um relatório publicado mês passado pela ONG Global Witness.
A opositora Aung San Suu Kyi, cujo partido venceu com folga as eleições de 8 de novembro, deve formar o governo no início de 2016. Ela prometeu lutar contra a corrupção e a falta de transparência na economia, da qual a indústria de jade é um bom exemplo.
Um porta-voz da Liga Nacional pela Democracia (LND), partido de Suu Kyi, afirmou que integrantes da formação estavam no local da tragédia.
ONGs e associações locais criaram várias campanhas para exigir que o governo reforce os controles das empresas de mineração e determine uma redução da atividade.
Até o momento o governo ignorou os apelos.