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Putin e guia supremo do Irã, aiatolá Khamenei se entendem sobre a Síria

A Rússia e o Irã possibilitaram que o exército sírio recuperasse recentemente terreno contra os rebeldes

Agência France-Presse
postado em 23/11/2015 16:38

Teerã, Irã - O presidente russo, Vladimir Putin, e o guia supremo do Irã, aiatolá Khamenei, dois grandes aliados do regime sírio, expressaram nesta segunda-feira (23/11), em Teerã, seu mais perfeito entendimento ao rejeitar todas as "tentativas externas de ditar" o futuro na Síria.

Após uma reunião de mais de uma hora e meia, "as duas partes destacaram a unidade dos pontos de vista entre Moscou e Teerã sobre a inadmissibilidade das tentativas externas de ditar os cenários da solução política" do conflito na Síria, informou um porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.

De acordo com as imagens transmitidas pela televisão Rossia-24, o presidente Putin declarou que "ninguém externo pode ou deve impor ao povo sírio quaisquer formas de governança de seu Estado ou dizer quem deveria dirigi-lo. Cabe apenas ao povo sírio decidir".

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Trata-se claramente de um ;não; à posição dos Estados Unidos, França, Arábia Saudita e Turquia, que exigem a saída do presidente Bashar al-Assad.

Para a sua primeira visita ao Irã em oito anos, Vladimir Putin foi diretamente à residência do guia. Ele entregou-lhe como presente um dos mais antigos manuscritos do Alcorão.

O aiatolá Khamenei é a mais alta autoridade política e religiosa do Irã, mas também comandante supremo das forças armadas. Os dois líderes não se viam desde 2007.

A Rússia e o Irã possibilitaram que o exército sírio recuperasse recentemente terreno contra os rebeldes.

A Rússia realiza desde 30 de setembro uma campanha aérea contra grupos rebeldes na Síria e intensificou recentemente seus bombardeios contra as posições do grupo jihadista Estado Islâmico (EI).

O Irã fornece, por sua vez, assistência militar ao regime de Assad, inclusive com o envio de "conselheiros" e "voluntários" ao terreno.

O conflito na Síria deixou desde 2011 cerca de 250.000 mortos.

Reunidos em Viena em meados de novembro, cerca de vinte potências, entre elas Rússia, Estados Unidos e Irã, estabeleceram o objetivo ambicioso de iniciar negociações de paz antes de 1; de janeiro, mas permanecem divididos sobre o destino do presidente Bashar al-Assad.

De acordo com Ali Khamenei, "o plano de longo prazo dos americanos é dominar a Síria e, em seguida, assumir o controle da região". Para ele, é "uma ameaça (...) especialmente para a Rússia e o Irã".

Ele estimou que Assad "é o presidente legal e eleito pelo povo sírio" e que "os Estados Unidos não têm o direito de ignorar esta votação e esta escolha".

Se "os terroristas não forem eliminados (...) vão expandir suas atividades destrutivas na Ásia Central e outras regiões", concluiu em seu site oficial.

O EI, que ocupa vastos territórios na Síria e no vizinho Iraque, também reivindicou muitos ataques mortais no exterior, incluindo os cometidos em Paris, em 13 de novembro (130 mortos), e um contra um avião russo que caiu no Sinai egípcio em 31 de outubro com 224 pessoas a bordo.

Estreita cooperação militarApós seu encontro com o líder supremo, Putin participou da cúpula dos Países Exportadores de Gás com outros oito presidentes e chefes de governo.

Rússia e Irã fortaleceram suas relações nos últimos anos com uma grande cooperação econômica e militar, como evidenciado pelo recente contrato de entrega até o final do ano pela Rússia de sistemas de mísseis de defesa anti-aérea S-300.

Antes de sua visita a Teerã, Putin também levantou a proibição de venda e entrega de materiais relacionados à tecnologia nuclear, incluindo para as instalações nucleares iranianas de Fordo e Arak, em conformidade com o acordo nuclear assinado em julho entre o Irã e as grandes potências, incluindo a Rússia.

Irã e Rússia estão entre os maiores produtores de gás do mundo.

"O gás é o combustível mais acessível, o mais vantajoso do ponto de vista econômico e o mais pura do ponto de vista ecológico", declarou o presidente russo em seu discurso na cúpula da FPEG.

Depois de participar da cúpula, o presidente Putin, que é acompanhado por seu ministro das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, deve se encontrar com seu colega iraniano Hassan Rohani.

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