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Cerca de 40 brasileiros estão em área bloqueada por manifestantes no Peru

Turistas não conseguem deixar o país por causa de protestos de mineradores; estradas estão fechadas há nove dias

De acordo com a Embaixada do Brasil em Lima, entre 30 e 40 brasileiros não conseguem deixar o Peru por causa das manifestações de mineradores no país, que obstruem com troncos de árvores várias estradas da região de Madre de Díos, na fronteira com o Acre e a Bolívia. A área entre as cidades de Mazuco e Puerto Maldonado está isolada desde 23 de novembro.


"Sábado, tomamos conhecimento de que tinha brasileiros nesse cenário, e estamos tentando levantar as condições, se há alojamento, alimentação e água potável", informou o Ministro Conselheiro em Lima, Juliano Féres Nascimento. "A situação é bastante dramática. A gente está procurando pressionar o governo federal peruano para que eles garantam um corredor de segurança para que os brasileiros saiam de lá [Madre de Díos]. Hoje de manhã, conseguimos que um grupo com 12 pessoas deixasse a região."

Segundo a Embaixada brasileira, o governo peruano recomenda que as pessoas que se encontram na área isolada evitem deslocamentos para que não se encontrem com os manifestantes. "Eu sei que houve negociações entre o Ministro da Casa Civil do Peru e o governador, mas a situação não evoluiu. Infelizmente, nossos compatriotas ficaram presos nessa disputa interna", lamentou o Ministro.

Uma das familiares dos brasileiros, Mayara Bueno contou que a irmã Marília Gabriela de Moraes está "presa" com o esposo André Laner e o colega Luiz Gustavo Tomio Igarachi no vilarejo de Santa Rita Baja (entre Mazuco e Puerto Maldonado) desde a última quinta-feira (26/11). "A manifestação está bem violenta. Estão com paus e pedras atacando qualquer carro que queira passar. Eles não conseguem nem seguir para o Acre, nem ir à Cuzco. Hoje, eles tentaram voltar ao Brasil; andaram dois quilômetros, se depararam com um bloqueio e tiveram que retornar. Estamos bastante preocupados", relatou Mayara. Os brasileiros estão alojados em uma cooperativa de cacau e há escassez de comida no local.

Os protestos

As manifestações começaram em 23 de novembro, quando centenas de mineradores tomaram as ruas da cidade de Puerto Maldonado (a 1.555 quilômetros de Lima) e outras localidades do estado de Madre de Díos. De acordo com o jornal peruano El Comercio, os mineradores de ouro, em atividade ilegal no país, exigem a revogação de um decreto do governo, que restringe o comércio de insumos para a mineração, a atividade madeireira e a produção de drogas.

Ainda segundo informações do periódico, o Ministro do Meio Ambiente, Manuel Pulgar Vidal, afirmou que os trabalhadores em protesto dedicam-se à exploração do ouro na selva e exigem a suspensão das normas para formalização da prática no país.