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Paquistão executa envolvidos em massacre em escola de Peshawar

Famílias das vítimas afirmaram que "não há espaço para o perdão" aos responsáveis pelo ataque, o mais violento da história moderna do Paquistão

Agência France-Presse
postado em 02/12/2015 12:46
Peshawar, Paquistão - O Paquistão realizou nesta quarta-feira (2/12) as primeiras execuções de insurgentes envolvidos no massacre de dezembro do ano passado em uma escola de Peshawar, que matou mais 150 pessoas, em sua maioria crianças, uma ação atribuída aos talibãs.

Famílias das vítimas afirmaram que "não há espaço para o perdão" aos responsáveis pelo ataque, o mais violento da história moderna do Paquistão, que provocou o retorno da aplicação da pena de morte no país. Em 16 de dezembro, um comando talibã matou a sangue frio 151 pessoas, incluindo 134 crianças, em uma escola administrada pelo exército em Peshawar.

"Quatro combatentes relacionados com o ataque à escola APS foram enforcados esta manhã na penitenciária de Kohat", afirmou à Agência France Presse (AFP) uma fonte oficial.

Um policial identificou os condenados como Maulvi Abdus Salam, Hazrat Ali, Mujeebur Rehman e Sabeel, alias Yahya. O exército havia divulgado na segunda-feira uma ordem que confirmava a iminência das execuções. De acordo com uma fonte da penitenciária, os condenados se reuniram pela última vez com suas famílias na terça-feira.

O governo não divulgou o papel dos executados no ataque à escola. De acordo com as forças de segurança, todos os homens que participaram no atentado foram mortos durante a ação. Depois do massacre, o governo criou tribunais militares e restabeleceu a pena de morte, após seis anos de moratória.

Em agosto, o exército anunciou, após um julgamento a portas fechadas, a condenação à pena de morte de seis extremistas. Um sétimo recebeu a sentença de prisão perpétua. "Os demais (responsáveis) devem ser capturados, não devemos deixar ninguém escapar", disse um sobrevivente do ataque, Waheed Ankhum, de 18 anos, que recebeu um tiro em cada braço e outro no peito.

"Não deveriam ser enforcados dentro de uma prisão, deveriam ser enforcados em praça pública", disse o pai do sobrevivente, Momin Khan Khatak. "Não há espaço para o perdão em nosso coração depois do que fizeram com nossos filhos", completou.

Muitas pessoas esperam que as execuções tenham o poder de impedir novos ataques. "Os pais dos alunos pedem há muito tempo um castigo severo para os terroristas e hoje estamos satisfeitos de ver nossas demandas atendidas, disse à AFP Ajoon Khan, que perdeu o único filho no ataque.

"Se o governo tivesse enforcado todos os terroristas, o ataque contra a escola de Peshawar não teria acontecido", afirmou.

Os quatro homens executados nesta quarta-feira são os primeiros civis enforcados depois de uma condenação por um tribunal militar.



Além disso, quase 300 pessoas condenadas por tribunais civis foram enforcadas no Paquistão desde o fim da moratória sobre a pena de morte, que estava em vigor desde 2008, segundo organizações de defesa dos direitos humanos.

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