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Venezuela vota em eleições legislativas com ares de plebiscito

Um total de 19,5 milhões de eleitores estão convocados para eleger 167 deputados de uma Assembleia controlada pelo governismo de esquerda desde que o falecido presidente Hugo Chávez (1999-2013) chegou ao poder.

Agência France-Presse
postado em 05/12/2015 15:00
Caracas, Venezuela - Os venezuelanos realizarão no domingo eleições legislativas com ares de plebiscito para o governo do presidente Nicolás Maduro, que enfrenta uma forte crise econômica que atinge sua popularidade, à sombra da qual a oposição ganhou espaço.

Um total de 19,5 milhões de eleitores estão convocados para eleger 167 deputados de uma Assembleia controlada pelo governismo de esquerda desde que o falecido presidente Hugo Chávez (1999-2013) chegou ao poder.

Várias pesquisas dão à coalizão opositora Mesa de la Unidad Democrática (MUD, centro-direita) uma vantagem sobre o chavismo nas intenções de voto, para alcançar ao menos a maioria simples, equivalente à metade mais um dos parlamentares.

Mas no sistema eleitoral venezuelano - automatizado - o número de sufrágios não necessariamente reflete a quantidade de assentos devido a um complexo método de repartição.

"Cerca de 40% do eleitorado (com forte componente chavista) termina elegendo 60% dos deputados. A oposição precisa de uma vantagem grande para vencer", disse à AFP Benigno Alarcón, diretor do Centro de Estudos Políticos da Universidade Católica Andrés Bello.

Advertindo que o chavismo promete vencer na Assembleia "do jeito que for" para radicalizar a revolução, Maduro, eleito para o período 2013-2910, afirmou que haverá uma surpresa.

Embora tenha afirmado que em caso de uma derrota se "lançará às ruas para defender a revolução", na noite de sexta-feira baixou o tom, convocou a "converter as eleições em uma festa de convivência" e reiterou que será "o primeiro a reconhecer os resultados".

Por anos dividida e convencida de uma vitória depois de perder 18 de 19 eleições realizadas na era chavista, a oposição se apresenta com uma lista única de candidatos e com a promessa de uma campanha que coloque fim às dificuldades geradas com a crise econômica no país, que possui as maiores reservas petrolíferas do planeta.

"Temos toda a razão do mundo para nos sentirmos otimistas, mas não deve haver margem para o triunfalismo", disse Jesús Torrealba, secretário da MUD, ao encerrar a campanha.

Maduro vs Maduro
Se vencer com uma maioria folgada, a MUD, com vários de seus dirigentes presos ou inabilitados politicamente, planeja uma série de reformas econômicas, mas também cogita buscar a revogação do mandato de Maduro se estas iniciativas forem bloqueadas.

Os ânimos eleitorais estão marcados pela crise econômica, após a queda dos preços do petróleo em um país que obtém 96% de suas divisas das exportações do produto.

Na última semana, o petróleo venezuelano foi cotado a 34,05 dólares por barril, seu mínimo em sete anos, longe dos 132 dólares que chegou a alcançar com o falecido Chávez.

Devido a isso, na Venezuela, altamente dependente da importação de alimentos e remédios, é registrada uma aguda escassez de produtos básicos, situação à qual se soma uma inflação que pode chegar a 200% em 2015, segundo cálculos privados.

Por isso as legislativas se converteram em um plebiscito entre os que apoiam e os que estão irritados com Maduro, cuja popularidade, segundo a empresa Datanálisis, caiu a 22%, opina Alarcón

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