Agência France-Presse
postado em 07/12/2015 10:56
A Frente Nacional (FN), partido de extrema-direita, aspira mais do que nunca ser uma alternativa de poder na França e sonha com as eleições presidenciais de 2017 após sua vitória histórica no primeiro turno das regionais."A população francesa está farta, de eleição em eleição confirma sua confiança na Frente Nacional. Acredito que os franceses têm vontade de experimentar a FN", declarou nesta segunda-feira (7/12) a presidente do partido, Marine Le Pen.
"Agora temos a medida da onda. Acredito que Marine chegará ao poder (...) teremos um dia uma mulher presidente da República", afirmou o deputado ;lepenista; Gilbert Collard.
A imprensa francesa chegou à mesma conclusão em suas manchetes: "A FN às portas do poder" (Le Parisien) e o "Se aproxima" (Libération). "A Frente Nacional se instala com força no centro de nosso cenário político. Para a esquerda e para a direita é um grande fracasso", afirma o jornal Le Figaro.
As eleições regionais, que terão o segundo turno no próximo domingo, são as últimas votações na França antes das presidenciais de 2017.
Em um país ainda traumatizado com os atentados jihadistas de Paris, a FN recebeu 28% dos votos, superando os Republicanos (LR), o principal partido da oposição de direita, liderado pelo ex-presidente Nicolas Sarkozy, e seus aliados centristas (27%). O Partido Socialista, do presidente François Hollande, ficou em terceiro lugar, com 23,5% dos votos.
A FN ficou em primeiro lugar em seis das 13 regiões francesas: no norte (Nord-Pas de Calais-Picardie), onde Marine Le Pen é candidata; no sudeste (Provence-Alpes-Côte d;Azur), onde a candidata é sua sobrinha Marion Maréchal Le Pen; no nordeste (Alsácia-Champagne-Ard;ne-Lorena), no leste (Bourgone Franche-Comté), no centro (Centre Val de Loire) e no sul (Languedoc Roussillon Sud Pyrénées). Marine Le Pen e Marion Maréchal-Le Pen receberam mais de 40% dos votos cada em suas regiões.
Avanço inexorável
O partido de extrema-direita confirma assim o avanço inexorável dos últimos cinco anos: 11,4% nas regionais de 2010, 17,9% na presidencial de 2012, 24,86% nas europeias de 2014 e 25,2% nas departamentais de março de 2015. Os simpatizantes da FN agora são de todas as classes sociais e o partido se beneficia da rejeição à classe política tradicional.
O Partido Socialista, grande perdedor das eleições de domingo, anunciou que vai retirar seus candidatos nas regiões em que a Frente Nacional tem chance de vitória e nas quais a esquerda não supera a direita. "Durante cinco anos, os socialistas não terão cadeiras nestas regiões", recordou o primeiro secretário do PS, Jean-Christophe Cambadélis, antes de ressaltar a importância do "sacrifício".
A decisão foi acatada imediatamente pelos socialistas do norte e sudeste, mas foi rejeitada nesta segunda-feira pelo candidato socialista no nordeste, onde o vice-presidente da FN, Florian Philippot, pode ser o vencedor. Na direita, o tema também provoca divisões. Nicolas Sarkozy é contrário a qualquer tipo de fusão ou retirada de suas listas nas regiões em que a FN pode sair vitoriosa.
Mas para Nathalie Kosciusko-Morizet, número dois do LR, é preciso fazer todo o possível "para evitar que a Frente Nacional se instale à frente de uma região". Os aliados centristas do LR também defenderam a retirada das listas dos candidatos que ficaram em terceiro lugar nas regiões em que a FN pode vencer. O ex-primeiro-ministro Jean-Pierre Raffarin (LR) manifestou a mesma posição.
Na perspectiva da eleição presidencial, o triunfo da extrema-direita é um duro golpe para Nicolas Sarkozy, que esperava capitalizar uma vitória do LR nas regionais, já pensando nas primárias que seu partido organizará em 2016.