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Donald Trump quer proibir entrada de muçulmanos nos Estados Unidos

Ao citar uma pesquisa realizada entre muçulmanos que vivem neste país, Trump afirmou que muitos deles sentem "ódio" por todos os americanos

Agência France-Presse
postado em 08/12/2015 07:04
Ao citar uma pesquisa realizada entre muçulmanos que vivem neste país, Trump afirmou que muitos deles sentem

O candidato que lidera as preferências dos republicanos para as eleições presidenciais de 2016, Donald Trump, pediu na noite de segunda-feira (7/12) a proibição da entrada de muçulmanos nos Estados Unidos. "Tenho amigos muçulmanos, que são gente muito boa, mas sabem que há um problema, e isto não podemos tolerar mais", explicou Trump em um comício na Carolina do Sul, após o anúncio de sua polêmica proposta.

"Donald Trump pede a suspensão total e completa da entrada de muçulmanos nos Estados Unidos até que os legisladores do nosso país compreendam o que está ocorrendo", escreveu a equipe de campanha do candidato em um comunicado intitulado "Comunicado de Donald Trump para impedir a imigração muçulmana".

A proposta não detalha se estão incluídos os muçulmanos americanos, imigrantes e turistas, e também não aponta a base jurídica para implementar a medida. O magnata se justificou afirmando que vários muçulmanos apoiam a Jihad violenta contra os americanos e preferem obedecer a sharia (lei islâmica) invés da Constituição dos Estados Unidos, citando um estudo encomendado por pequeno centro dirigido por Frank Gaffney, considerado um islamófobo pelo Southern Poverty Law Center, uma organização que luta contra o preconceito racial.



Ao citar essa pesquisa realizada entre muçulmanos que vivem neste país, Trump afirmou que muitos deles sentem "ódio" por todos os americanos. "De onde vem este ódio e por que, devemos determinar isso. Até que sejamos capazes de estabelecer e de compreender este problema e a ameaça que representa, nosso país não pode ser vítima de ataques hostis por parte de pessoas que só acreditam na jihad e não têm respeito algum pela vida humana", declarou o candidato.

O magnata, favorito de aproximadamente um a cada três republicanos para as primárias que começarão em fevereiro, tem empreendido cada vez mais contra os muçulmanos desde os atentados de Paris. Seu anúncio motivou uma onda de reações adversas no Twitter. Donald Trump nunca ocultou sua desconfiança em relação aos muçulmanos, assim como outros candidatos republicanos. Em setembro, seu adversário Ben Carson insinuou que a função presidencial era incompatível com o Islã.

A Casa Branca rejeitou imediatamente a proposta de Trump, alegando que vetar a entrada dos muçulmanos é "totalmente contrário aos valores americanos". "Temos, em nossa lei de Direitos, respeito pela liberdade religiosa", declarou Ben Rhodes, um dos principais assessores do presidente Barack Obama em matéria de política exterior, à rede CNN.

O porta-voz da Casa Branca Josh Earnest disse à rede de televisão MSNBC que no lugar de condenar os muçulmanos os políticos do país devem trabalhar com os líderes religiosos para "isolar as pessoas mais vulneráveis da radicalização". "Donald Trump acaba com todas as dúvidas: faz campanha para a presidência enquanto demagogo fascista", escreveu Marton O;Malley, um candidato democrata.

"Donald Trump está desequilibrado", escreveu o ex-governador da Flórida e também pré-candidato republicano Jeb Bush. "Todo candidato à presidência deve fazer o certo e condenar o comunicado de @realDonaldTrump", escreveu o senador Lindsey Graham no Twitter.

Por sua parte, o primeiro-ministro francês, Manuel Valls, criticou Trump e disse que ele "alimenta o ódio e a confusão". "Nosso único inimigo é o Islã radical".

Indignação muçulmana
O diretor do Centro Islâmico de Nova Jersey, Ahmed Shadeed, advertiu que as ideias de Trump "estão dando direito que as pessoas nos façam mal". "Imploro, que pare com todas as acusações", declarou, pedindo ainda que o candidato republicano que veja os muçulmanos como "parte do mosaico americano".

No Cairo, Dar al Iftaa, a máxima autoridade religiosa do Egito, condenou os "comentários extremistas e racistas", e disse que isso apenas serve para atiçar as tensões entre comunidades. "A histeria antimuçulmana se converteu numa das principais características de sua campanha", afirmou, por sua parte, Robert McCaw, um dos dirigentes do Conselho de Relações Americanas-Islâmica (CAIR), a maior organização civil muçulmana do país, que também condenou a posição de Trump.

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