Agência France-Presse
postado em 09/12/2015 12:59
Um novo projeto de texto, para selar um pacto contra as consequências mais dramáticas do aquecimento global, é esperado nesta quarta-feira (9/12) após as negociações entre os 195 países e permitirá medir o caminho a percorrer antes do acordo final. "Muito se espera deste novo texto, este é o primeiro desde sábado", comentou Matthew Orphan, da Fundação Nicolas Hulot. "Teremos de avaliar o nível de ambição porque se o método de trabalho, bem acolhido por todos, for bom, mas o acordo não estiver a altura, não será nada satisfatório", acrescentou O porta-voz da ONG.De acordo com Pierre Cannet, da WWF, "a França tem se mostrado hábil, limpando as susceptibilidades de uns e outros e não houve conflito sobre como proceder". "Mas se essa fluidez facilita a conclusão de um acordo, não influencia necessariamente na sua ambição", adverte. "Nossos especialistas estão preocupados que os negociadores concordem com o menor denominador comum em várias questões-chave", afirmou a Oxfam em um comunicado.
A nova versão do projeto de acordo foi colocado no papel no meio da noite pela presidência francesa, a partir dos relatórios dos facilitadores que conduzem desde domingo à noite vários grupos de trabalho. "Eu me comprometi a entregar às 13h00 (10h00 de Brasília) um novo texto, mais curto, incluindo menos opções e sobre o qual eu e minha equipe trabalhamos a noite toda", indicou na terça-feira à imprensa Laurent Fabius, o ministro francês das Relações Exteriores e presidente da COP21.
Nesta quarta de manhã, o secretariado da Convenção Climática da ONU anunciou que o texto acabaria por ser apresentado às 15h00 (12h00 de Brasília), sem maiores explicações. As boas-vindas do novo documento é um teste para a presidência francesa da conferência de Bourget. Mas apesar de os países concordarem em negociar sobre a base deste novo documento, um longo caminho ainda se perfila a partir desta tarde, uma vez que os ministros vão analisar o texto e decidir muitas questões ainda em debate.
Longa noite em perspectiva
"Vamos realizar na parte da tarde uma reunião do ;Comitê de Paris; (sessão plenária com todos os países) e, em seguida, vamos nos preparar para conversações a partir da noite, desta noite", explicou à AFP Laurent Fabius. O ministro francês espera a aprovação definitiva do acordo de Paris na sexta-feira às 17h00 GMT (15h00 de Brasília).
De acordo com James Fletcher, ministro da Energia de de Santa Lúcia e um dos facilitadores dos grupos de trabalho temáticos, "este é um dia decisivo e eu acredito que a noite vai ser muito longa". Muitas questões continuam a ser problemáticas.
Que metas de longo prazo no acordo dizem respeito ao trajeto de uma economia de baixo carbono? Quando serão revistas as metas de emissões de gases do efeito estufa, que até o momento são insuficientes para limitar o aumento da temperatura a 2; C em relação à era pré-industrial? Como garantir a transparência das ações das nações?
Outra questão importante que tem gerado atrito: a assistência financeira aos países em desenvolvimento para lidar com o aquecimento global. Como contabilizar essa ajuda (empréstimos, subvenções...) e quais países devem contribuir?
Os países emergentes, liderados pela Índia, expressaram na terça-feira decepção com a ambição dos países desenvolvidos, em particular sobre o financiamento. Os países desenvolvidos, por sua vez, não abrem mão de seu desejo de ver outros países, cujo padrão de vida melhorou muito, se tornarem doadores. Este é, por exemplo, o caso dos países do Golfo, a Coreia do Sul, Brasil, etc.
O acordo de Paris deve definir um quadro geral para a ação dos países para os próximos 15-20 anos, que serão decisivos para o futuro do planeta. Ele deve dar um impulso à luta contra as emissões de gases do efeito estufa, responsáveis %u200B%u200Bpelo aquecimento global, que exige o desenvolvimento de energias renováveis %u200B %u200Bea eliminação gradual dos combustíveis fósseis (carvão, petróleo, gás) e a gestão diferente de florestas e terras agrícolas. O termômetro global já aumentou 0,85 grau desde a era pré-industrial, o que já agrava os eventos climáticos como inundações e secas e compromete, em muitas regiões, a produção agrícola e os recursos marinhos.